Medida visa incentivar bancos a disponibilizarem mais dinheiro nos ATMs. Bancos de pequena dimensão, ou com pouca disponibilidade para carregar ATMs, ou com número reduzido de equipamentos a operar, vão pagar mais pelo facto de os seus clientes utilizarem máquinas de outros bancos.
Os bancos comerciais que operam no mercado nacional vão pagar a partir do dia 01 de Janeiro de 2024 comissões Interbancárias de levantamento em ATMs no valor de 700 Kz, um aumento de 100% face aos 350 Kz hoje em vigor. Um valor tão elevado acaba por “motivar” os bancos a terem sempre dinheiro vivo nos multicaixas.
A comissão Interbancária de levantamento em ATM é uma taxa acordada entre os bancos nos serviços recíprocos prestados entre si e não impacta directamente no cliente bancário. Em termos práticos, refere-se ao que um banco paga a outro sempre que um cliente seu usa o Caixa Automático de outro.
A nova medida foi tomada pelo conselho de administração da Empresa Interbancária de Serviços (EMIS) e é dirigida aos 23 bancos comerciais que actuam no mercado angolano. De acordo com uma fonte de um dos maiores bancos nacionais, o facto de no início dos meses existirem autênticas corridas aos ATM um pouco por todo o País, acaba por motivar esta subida da comissão, já que muitos bancos acabam por demorar a fazer o carregamento das máquinas.
“Este valor faz com que os bancos fiquem mais preocupados em deixar a suas máquinas ATM cheias para não ter custos tão elevados com esse serviço aos clientes”, admite a fonte, acrescentando que, para já, esses custos não serão repassados aos clientes.
A EMIS é a empresa interbancária de serviços que gere a Rede Multicaixa e a Câmara de Compensação Automatizada de Angola (CCAA), compreendendo o Sistema de Gestão de Cartões de pagamento Multicaixa, o Sistema de Transferências a Crédito (STC), o Sistema de Compensação de Cheques (SCC) o Sistema de Débitos Directos (SDD) e o Sistema de Transferências Instantâneas (STI).
Enchentes nos ATMs
Continuam a registar-se corridas no inicio dos meses aos ATM, já que a economia informal continua a prevalecer no País. A maior parte dos cidadãos vai às compras em mercados informais, onde pagam em dinheiro vivo. Apesar dos processos de atribuição de TPAs serem hoje mais simplificados do que no passado, a verdade é que nos mercados informais são poucos os vendedores que disponibilizam esta forma de pagamento. Por isso, circulam nestes locais vários negócios que funcionam como bancos informais, que envolvem a cobrança indevida de 10% do valor a “levantar”. Em termos práticos, o dinheiro nestes locais fica mais caro, num procedimento que é ilegal mas que continua sem ser combatido.
Jairo Braz, de 34 anos, é um dos milhares de luandenses que após receber o salário no inicio do mês de Dezembro procurava desesperadamente por um ATM no centro da capital angolana. À imprensa, reclamou que passou demasiadas horas em filas enormes junto a ATM que ou ficavam sem dinheiro ou os utilizadores acabavam por demorar muito tempo, utilizando vários cartões para levantamento.
Embora seja já um cenário habitual nas ruas de Luanda, o facto de se estar a aproximar a quadra festiva, em que as pessoas fazem as compras para o Natal, faz aumentar as horas de espera.
Para José Manuel, motorista, as enchentes são vistas mais no final ou no inicio de cada mês quando caem os salários, o que é desesperante. “Os ATMs ficam abarrotados e com filas enormes”, admite. Já em dias normais podem existir algumas filas mas nada “assustador”.
Fonte: Expansão