Caso se efectivem os investimentos nacionais no gás natural moçambicano haverá uma viragem no comércio bilateral entre os dois países, que apresenta hoje números insignificantes, 16,5 milhões USD em 2022. A fundação na Câmara de Comércio Angola-Moçambique vai ajudar na relação entre os países.
Empresários angolanos do sector do oil & gas estão interessados em participar nos projectos de exploração de gás natural em Moçambique, que conta com as maiores reservas da África Subsariana, revelou à imprensa a presidente da Câmara de Comércio e Indústria Angola-Moçambique (CCIAM), Célia Cipriano. Explicou também que várias empresas angolanas deste sector pretendem contar com o suporte e apoio da câmara na materialização dos objectivos, que podem impulsionar e revolucionar toda a estrutura da economia moçambicana nos próximos anos.
Do leque de potenciais investidores, Célia Cipriano disse, sem identificar, que há um empresário do ramo que pretende efectuar uma visita a Moçambique já no primeiro trimestre do próximo ano, sendo que o assunto tem vindo a ser tratado a nível diplomático. Caso se efectivem os investimentos nacionais no gás natural moçambicano, a presidente da organização empresarial acredita que haverá uma viragem no comércio bilateral entre os dois países, que apresenta números bastantes insignificantes.
A balança comercial é favorável a Angola, que exporta para Moçambique fundamentalmente combustível para aviões, Jet A1, de acordo com dados do Ministério das Finanças. A título de exemplo, as trocas comerciais entre os dois países lusófonos cifraram-se, até Outubro deste ano, em 10,4 milhões USD, tendo Angola adquirido de Moçambique algum equipamento avaliado em 3,4 milhões USD.
Em 2020, o volume de negócios entre os dois países cifrou-se em 15,8 milhões USD, com Angola a exportar para Moçambique apenas combustível, avaliado em 11,3 milhões USD. Em 2021, registou- -se uma quebra nas trocas comerciais, cifrando-se em apenas 2,9 milhões USD. Já no ano passado as trocas comerciais voltaram a aumentar para 16,1 milhões USD com a balança comercial a favorecer Angola, que exportou combustível em torno de 11,5 milhões USD, tendo importado de Moçambique máquinas e equipamentos no valor de 4,6 milhões USD.
Comércio insignificante
Como se observa nos números, o comércio entre os dois países é insignificante e a Câmara de Comércio Angola-Moçambique quer a todo o custo mudar este quadro, conforme pontuou Célia Cipriano. “A nossa Câmara surge efectivamente para fazer com que o comércio bilateral seja mais activo, além de fazermos a ponte entre o empresariado dos dois países para que as trocas comerciais sejam mais diversificadas e aumentem em volume”, frisou a presidente da CCIAM.
Em Angola existe menos de meia dezena de empresários moçambicanos entre os 1.200 cidadãos controlados pela embaixada daquele país do Índico, segundo a empresária, que indica que o número está muito abaixo daquilo que são as ambições da organização que dirige. No total, como explica, são apenas quatro empresários moçambicanos que praticam a actividade comercial em Angola, um deles ligado ao sector das pescas. Em Moçambique não há oficialmente empresas angolanas implantadas, mas, adianta Célia Cipriano, existem actualmente três empresas nacionais, fora dos petróleos, e que estão a trabalhar nos processos burocráticos com interesse na exploração do mercado local. Uma das empresas é do sector das tecnologias, uma das pescas e a outra da agricultura.
Para a 2024, a CCIAM possui um programa de trabalho que vai culminar com a realização de um Fórum Económico em Luanda, em Maio, e que vai contar igualmente com a componente exposição. O objectivo do certame é trazer a Luanda inúmeros empresários moçambicanos de diferentes sectores, além da participação de empresas angolanas e de outros países.
“O que pretendemos com o evento é chamar a atenção dos empresários, não só dos dois países, no sentido de investirem em Angola e em Moçambique, explorando as potencialidades de cada um deles”, explicou.
Fonte: Expansão