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Militares vendem ilegalmente Jet A1 à porta do terminal aéreo militar

Militares destacados na base aeroportuária da Força Aérea Nacional, em Luanda, estão a vender, de forma ilegal, combustível de avião denominado Jet A 1 ao mercado informal, que depois é vendido na rua, constatou à imprensa no local. Trata-se de um produto exclusivo para a aviação, que põe em causa a saúde pública já que está a ser utilizado para produção de bebidas artesanais.

Este material altamente inflamável está a ser usado para consumo humano por meninos de rua, que trocaram a gasolina por Jet A1, mas também por organizadores de festas no interior dos bairros que adulteram a caipirinha com este combustível. Mas há quem o utilize como diluente e descalcinante para peças de veículos, ou até para misturar com gasolina quando abastecem as motorizadas. O objectivo é fazê-las andar mais depressa.

Segundo apurou à imprensa junto de militares que fazem parte deste negócio ilegal, é na calada da noite que retiram o combustível em grandes quantidades dos reservatórios do aeroporto para depois, no período entre as 4h00 e as 6h00 da manhã, venderem aos comerciantes informais ao preço de 1.500 Kz o bidão de 5 litros.

O Expansão constatou no local que os militares saem normalmente do aeroporto a transportar estes bidões, entregando-os a “clientes” dentro de viaturas. “Não viu o meu colega ali? Ele está a passar com o combustível”, disse um militar depois de questionado sobre os preços que cobram pelo Jet A1. A rua 21 de Janeiro, no bairro Cassenda, e o mercado dos Correios no Golf, são locais onde o produto se encontra a ser comercializado em pequenas quantidades, com preços que variam entre os 1.000 Kz e 8.000 mil Kz por garrafa. “Compramos ali dentro do aeroporto aos militares. Só é possível comprar 5 litros, ou mais, no bidão de água mineral. Não aceitam vender menos desta quantidade”, revelou uma das vendedoras.

Mas por que é que os militares só vendem o produto num bidão de 5 litros de água mineral? A resposta é simples: “É o bidão de água que nos facilita ludibriar os chefes e outros colegas como se eu estivesse a movimentar água de um lado para outro, para servir as necessidades pessoais”, revelou um militar na base da Força Aérea Nacional, quando à imprensa se fez passar por um cliente que estava interessado em comprar o produto. Na altura, o relógio aproximava-se da hora de almoço, um horário que não lhes permite fazer negócio. O jovem militar recomendava ao membro da imprensa que voltasse no dia seguinte. “Esta hora é muito tarde. Vem amanhã entre as 4h30 e as 6h00”, disse.

No mercado dos Correios, conhecido como o grande retalhista para os clientes, o produto é mais comercializado por vendedores de tinta e lubrificantes para veículos. Uma garrafa de gasosa de 350 mililitros custa 2.000 Kz. Já a lata de 3,5 litros custa 7.000 Kz, sendo que a de 4 litros está a ser comercializada a 8.000 Kz. “Os maiores clientes que temos são os organizadores de festas de bairro e os meninos de rua”, revelou Teresa Aufélia, vendedora no mercado dos Correios.

A mulher relatou que prefere vender em pequenas quantidades do que a “grosso” em bidões maiores, porque é vendendo aos bocados que mais lucro obtém. “Eles compram poucas quantidades, mas muitas vezes. A lata de 7.000 Kz, se eu vender em pequenas medidas, a 1.000 Kz, pode ficar em 10.000 Kz”, detalhou a vendedora.

Altamente perigoso para a saúde humana

Ao que à imprensa apurou, o Jet A1 é actualmente muito consumido por crianças de rua em Luanda, que deixaram de cheirar gasolina em troca deste combustível para a aviação. “É mais forte do que a gasolina e não vejo o dia a passar”, disse um menino que se identifica por Nelito, e que falou ao Expansão junto ao parque de estacionamento da escola Nzinga Mbande, no 1.º de Maio.

Só nesta zona da capital do País, segundo alguns moradores, quase todos os anos se verificam mortes de crianças de rua devido à prática de cheirar combustível, utilizando-o como droga. “Antes só consumiam gasolina, agora evoluíram para o combustível de avião e como não têm condições para se alimentar, estão propensos a perder a vida a qualquer momento”, relatou Neide de Oliveira, moradora do antigo edifício 1.º de Maio.

Fonte: AN

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