O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, defendeu esta segunda-feira, em Nova Iorque (EUA), a necessidade de um esforço coordenado, no sentido de se eliminar os conflitos, a instabilidade, insegurança e a imprevisibilidade que desencoraja o investimento e retira aos mercados a credibilidade para o investimento estrangeiro nas economias locais.
João Lourenço discursava na qualidade de Presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), na cimeira sobre os Objectivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) das Nações Unidas, no âmbito da Semana de Alto Nível da 78ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que tem lugar em Nova Iorque (EUA).
Na sua intervenção, o Presidente disse estar consciente da relação de interdependência entre a paz e o desenvolvimento. O Chefe de Estado angolano afirmou que, na condição de Presidente em exercício da SADC, Angola continuará a desenvolver acções com vista a concretização futura da visão 2050 que prevê uma região com estabilidade política e social, pacífica e desenvolvida do ponto de vista económico, de justiça e de liberdade para os seus cidadãos.
Para João Lourenço, esses objectivos (Visão 2050) específicos da região e compartilhados pelos parceiros internacionais serão concretizados com um esforço conjugado entre todos, “mas com muito menos constrangimento e obstáculos se a situação entre a região e a comunidade internacional se desenvolver sem as medidas unilaterais punitivas contra os estados membros da SADC, como no caso da República do Zimbabwé.
Por outro lado, o Presidente angolano referiu que a região da África Austral tem estado a ser sujeita a consequências das alterações climáticas, com todos os efeitos nocivos que este facto produz sobre as economias da região.
Sublinhou a necessidade de implementação da agenda internacional das alterações climáticas e de cumprimento das promessas de disponibilização de recursos financeiros, feitas pelos países desenvolvidos, a fim de, com alguns outros recursos complementares, se assegurar o financiamento da adaptação até 2025, para se alcançar os objectivos de recapitalizar o fundo verde para o clima.
O estadista destacou a importância da cooperação global, da solidariedade e da acção conjunto, para se fazer face aos múltiplos e complexos desafios mundiais. “Estamos perante uma ocasião em que a avaliação que fizermos a respeito do nosso desempenho vai permitir que tomemos as medidas para corrigir ou retificar tudo quanto nos parece não ter sido realizado da maneira mais adequada”, disse.
Precisa-se, disse João Lourenço, tornar o encontro “num verdadeiro ponto de viragem, para uma abordagem mais dinâmica, comprometida e engajada, tendo em vista o reforço do compromisso político e da mobilização de vontades capazes de ajudar a avançar em domínios, cujos resultados se refletirão positivamente na melhoria das condições gerais de vida das nossas populações.
João Lourenço frisou que a região da SADC fez progressos assinaláveis na implementação das prioridades de cooperação e de integração regional, delineadas na visão 2050 da organização e no plano estratégico indicativo de desenvolvimento regional 2020 – 2030.
“… Devemos reconhecer que um conjunto de condicionantes que derivam da pandemia da Covid-19, das alterações climáticas e de outros factores, designadamente a instabilidade que afectou alguns países da região, tiveram um impacto negativo considerável na capacidade dos países cumprirem, com maior eficácia, os planos estratégicos que visam aprofundar a integração regional da África Austral e promover o seu desenvolvimento, numa perspectiva em que sobressaem as ambições para a África que queremos, estabelecida na agenda 2063 da União Africana”, realçou.
Segundo o Presidente, os avanços poderiam ter sido mais significativos e mais expressivos, se não se tivesse que lidar com a crise global e outras específicas da região que obrigaram a desviar a atenção das questões centrais sobre o desenvolvimento, para lhes fazer face.
Segundo o Presidente angolano, as dificuldades de acesso aos recursos financeiros, em condições confortáveis para as economias desta região, representas um outro lado do problema para a realização de projectos essenciais em áreas determinantes, para impulsionar o desenvolvimento, de que depende naturalmente a criação de condições que favoreçam a necessária e urgente alteração do quadro e dos indicadores de pobreza. O evento é uma das oito iniciativas a decorrer em paralelo com o Debate-geral da ONU, no período de 19 a 26 deste mês.
A sessão de abertura do evento, com duração de dois dias, contou igualmente com as intervenções do Presidente da Assembleia-Geral, do Secretário-Geral das Nações Unidas e do Presidente do Conselho Económico e Social, além de alguns chefes de Estado e de Governo. Durante a Cimeira dos ODS os chefes de Estado e de Governo estão a abordar o ponto médio da implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e criar uma oportunidade decisiva para acelerar os esforços neste sentido.
O evento representa uma plataforma central das Nações Unidas para levar os Estados-membros a assumirem uma renovada liderança política na implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Fonte; AN