Sílvio Nascimento lamenta a pouca abertura da TV angolana
O actor Sílvio Nascimento afirmou, no Lubango, que as televisões angolanas dão muito pouco espaço aos conteúdos cinematográficos produzidos no país, optando mais pela compra de produtos estrangeiros.
Em declarações à imprensa, no Lubango, província da Huíla, Sílvio Nascimento disse que essa situação desvaloriza o trabalho feito localmente e reduz as oportunidades de emprego aos jovens actores angolanos.
Ao falar do estado actual da produção cinematográfica no país, o actor, dos mais premiados em Angola, afirmou que essa “é uma questão séria, que atenta contra a economia do país, os princípios culturais e o acesso ao emprego também”, apelando à gestão desses órgãos a repensarem as suas políticas públicas e de valorização do que é “Feito em Angola”.
“As televisões angolanas não compram os nossos conteúdos e também não produzem, optando pelo produto estrangeiro e prejudicando, no mínimo, 300 actores e conexos angolanos a cada produção adquirida lá fora. Só um grupo reduzido ganha com as comissões e isso não está certo”, lamentou.
Para Sílvio Nascimento, “Angola já foi longe” com a sua ficção, pois com uma produção recente foi nomeado ao Emmys em Nova Iorque e representou ao mais alto escalão mundial a produção angolana, pelo que, se houver maior aposta, mais empregos serão gerados pela indústria da sétima arte e dar-se-á a conhecer o potencial angolano e a identidade cultural.
“Temos artistas fortes neste país, pena mesmo é que nós sabemos bem disto, mas a opção agora vai para as novelas turcas, brasileiras, chinesas e até coreanas, deixando centenas de angolanos sem emprego. Mas não vamos desistir, e provaremos ao angolano que ele tem valor, independentemente das TV’s nacionais insistirem em ocultar isso”, assinalou.
De acordo com o interlocutor da imprensa, o argumento da falta de qualidade não pode ser posto em cima da mesa, uma vez que há provas do potencial artístico nacional, daí as constantes nomeações e distinções internacionais por cadeias de TV estrangeiras, como as sul-africanas, que compram os conteúdos angolanos.
O actor, que nasceu na Huíla, em 1987, sublinhou que a agravar a situação está à falta de debates sobre o assunto por parte da classe.
Sílvio Nascimento lançou-se nas artes cénicas há 20 anos, na cidade do Lubango, através do teatro, e vive em Luanda desde 2008.
Fez dezenas de filmes em Angola, quatro em Portugal e um na África do Sul, bem como tem uma série nas plataformas de streaming Netflix, denominada “Até que a vida nos separe”, e Opto SIC, onde tem uma série de três temporadas, e considerado um dos actores de referência. Gravou três novelas na SIC.
Fonte: JA