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Soyo: Um município ″cheio″ de recursos, mas longe do desenvolvimento esperado

Município petrolífero da província do Zaire foi, no início desta semana, o centro das atenções dos angolanos, face à visita que o PR efectuou à referida circunscrição, uma deslocação que destapou as “peripécias” locais, desde a falta de água, desemprego, contrabando, delinquência juvenil à desertificação de algumas zonas, com o fim da cultura de caju. Entretanto, para lá da situação complexa, boa parte da população beneficia de energia eléctrica e conta com instituições de ensino superior público e privado.

O município do Soyo, província do Zaire, que dista 443 quilómetros de Luanda, capital do País, que no início da semana registou a visita do Presidente João Lourenço, continua, na perspectiva dos seus habitantes, “aquém do desenvolvimento” de que se espera de uma circunscrição com “as potencialidades que possui”, como imensa reserva de petróleo e gás, para além de concentrar um significativo número de plataformas petrolíferas em terra e mar.

Conforme apurou a nossa reportagem no local, apesar de conhecerem o itinerário da visita do Presidente da República, realizada na segunda-feira, 10, que durou pouco mais de cinco horas, os munícipes do Soyo esperavam que o Chefe de Estado deixasse também recomendações para solucionar alguns problemas sociais, para além de reinaugurar a Base Naval da Marinha de Guerra Angolana (MGA) e testemunhar os eventos programados para a celebração dos 47 anos de existência do referido órgão das Forças Armadas Angolanas, como determinava o roteiro presidencial.

No geral, segundo dados apresentados em Março deste ano pela directora de Pesquisa e Produção da Agência Nacional de Petróleos e Gás (ANPG), Ana Miala, a província do Zaire possui uma reserva petrolífera de cerca de 90 mil milhões de barris e produz 905 mil barris de petróleo bruto por dia, tendo destacado ainda que o Soyo alberga a Base de Apoio às Actividades de Exploração de Petróleo, o Kwanda.

Apesar das potencialidades supra, de acordo com os munícipes, o Soyo não se tem desenvolvido, na perspectiva do progresso socioeconómico das famílias.

Ao que a equipa de reportagem da imprensa apurou, boa parte dos bairros do município do Soyo não possui água potável, sendo que os moradores se vêem forçados a fazer furações (cacimbas ou furos) nos seus quintais, uma operação que pode custar entre 300 mil e 400 mil Kz, com a compra de electrobomba, bem como a mão-de-obra do técnico, nos casos dos furos canalizados. A operação mais barata é a das cacimbas, que não exige aspectos técnicos relevantes, sendo que, em mutos casos, dá água salobra.

Um alto quadro da função pública local, falando sob anonimato, considera ser um “contraste a vida dos munícipes do Soyo”, face às riquezas existentes. O jovem, que preferiu interromper a sua formação no curso superior de Engenharia Informática, pelo facto de o Instituto Superior Politécnico do Soyo não possuir laboratórios, e por consequência não ter aulas práticas, sublinha não entender como as autoridades permitiram a instalação de companhias para a exploração de gás no centro da cidade, junto da zona habitacional.

Entre outras coisas, o alto quadro da administração local sugere que seja atribuído ao município um estatuto que lhe permita beneficiar de algum tipo de subvenção, como de ar-condicionado, por exemplo, visando reduzir as altas temperaturas e outros produtos que possam vir a ser estudados, capazes de contrariar possíveis “maleficências” eventualmente causadas pela exploração de gás.

Fonte: NJ

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