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BNA vai injectar na banca 50 milhões de dólares/dia

O Banco Nacional de Angola (BNA) vai colocar à disposição dos bancos comercias, a partir de hoje, 50 milhões de dólares por dia, para desencorajar a tendência da subida da taxa de câmbio, que se verifica em vésperas da quadra festiva.

Ao todo, serão colocados à venda em leilão, até sexta-feira, 250 milhões de dólares, devendo a instituição divulgar, no termo de cada sessão, o montante efectivado, as taxas de câmbio mínima, média e máxima e o número de participantes, refere um comunicado do BNA a que Jornal de Angola teve acesso.
A Medida insere-se nos esforços de estabilização da taxa de câmbio e de redução do diferencial entre as taxas dos mercados oficial e paralelo.
Na sexta-feira, após uma reunião do Comité de Política Monetária do BNA, o governador daquela instituição, José de Lima Massano, anunciou um conjunto de medidas, algumas em execução e outras por implementar a partir de Janeiro, destinadas a normalizar o mercado cambial.
Uma das medidas anunciada pelo governador do BNA é a retirada progressiva do banco central do mercado cambial, deixando para os bancos comerciais o negócio de aquisição de moedas estrangeiras às companhias petrolíferas.
“Desde 2014 que as companhias petrolíferas passaram a vender moeda de que necessitam para corresponder a pagamentos a residentes cambiais ao Banco Nacional de Angola”, disse o governador, estimando essa quantia em 240 a 250 milhões de dólares (217,8 milhões a 226,9 milhões de euros) por mês.
“A nossa intenção é, o mais cedo possível, passarmos estas operações para o mercado secundário (bancos comerciais) permitindo uma relação mais directa entre estes participantes, mas termos também o Banco Nacional de Angola a sair progressivamente de um espaço que não lhe pertence”, enfatizou o mesmo responsável.
E José de Lima Massano acrescentou: “O BNA não tem essa vocação, não é sua missão intervir diariamente no mercado cambial, comprando ou vendendo divisas. Temos de deixar o mercado funcionar”.
O governador do BNA salientou que, por isso, é necessário haver “mais entidades, mais participantes, do lado da venda aos bancos comerciais” uma intenção “que não é nova” e que levou o BNA a explorar “várias opções” para fazer essa transição com segurança, lembrando que, no passado, houve uma situação de “excessiva concentração dessa moeda num ou noutro banco”.
Lima Massano sublinhou que o desejável é “ver o mercado a funcionar e ainda que essa seja a opção dos operadores petrolíferos”, que mantêm relação com os bancos, o objectivo é que “essa moeda possa fluir no [mercado] interbancário” entre os vários participantes.
O responsável do banco central adiantou que foi também explorada a opção de criar uma plataforma, mas a decisão acabou por ser a venda directa aos bancos comerciais com quem as companhias têm relações de negócio.
No mesmo sentido, foi adoptada a decisão de reduzir o limite de posição cambial dos bancos comerciais nos fundos próprios de 5% para 2,5%, com efeitos a partir de 02 de janeiro de 2020, para que a moeda que venha a ser adquirida pelos bancos comerciais não fique retida.
Ou seja, os bancos podiam comprar moeda e não vender até 5%, mas ficarão apenas com uma margem de 2,5% dos seus fundos próprios, permitindo que a moeda adquirida às companhias petrolíferas venha a ser colocada no mercado interbancário pelos mesmos bancos.
Desta forma, concluiu o governador, “os bancos irão participar de forma mais activa no mercado cambial” o que vai ajudar também a “acelerar a descoberta do preço justo, o preço de equilíbrio” do kwanza na economia angolana.

Banco Standard revê em alta evolução do Kwanza

O Gabinete de Estudos Económicos do Banco Standard reviu em alta a previsão de evolução do kwanza face ao dólar, estimando que no final deste ano sejam precisos apenas 449,3 kwanzas para um dólar.
A revisão em alta mostra uma redução da quantidade de kwanzas necessários para comprar um dólar, que em Outubro os analistas antecipavam ser de 615,3 no final do ano.
“No seguimento de uma forte correcção no mês passado, o kwanza valorizou-se 5,6 por cento face ao dólar, desde o início do mês, e estava agora a transaccionar por 470,1 kwanzas para cada dólar, quando no princípio do mês estava a mais de 500”, escrevem os analistas no relatório de Novembro sobre os mercados financeiros.
O documento, citado pela agência Lusa, argumenta que “o ajustamento para a previsão de evolução do kwanza reflecte parcialmente um ajustamento no mercado melhor do que o antecipado às novas condições de operação induzidas pelas reformas do Banco Nacional de Angola para fomentar uma taxa de câmbio que é completamente determinada pela dinâmica da procura e da oferta no mercado”.
“Na altura em que escrevemos o relatório, a taxa paralela entre o kwanza e o dólar estava nos 640, o que corresponde a uma diferença de 36 por cento face ao câmbio oficial, abaixo do pico recente de 50 por cento, quando o mercado passou por um período de exagero”, escrevem os analistas, referindo-se aos dias seguintes ao anúncio de que o BNA tinha abandonado o limite de 2,00 por cento de variação imposto aos bancos angolanos quando compravam divisas estrangeiras ao BNA.
As vendas de moeda externa aos bancos contribuíram para a evolução da procura, “mas a necessidade de proteger as reservas em moeda estrangeira limita a quantidade de divisas que o BNA está disposto a ceder ao mercado”, apontam os analistas, lembrando que entre Janeiro e Outubro o BNA vendeu o equivalente a 7,7 mil milhões de dólares, menos 32 por cento do que nos oito primeiros meses do ano anterior.

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