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50 milhões de euros na conta do Filho de Rui Ferreira provoca escândalo

Estão a ser dadas como consistentes recentes denuncias dos empresários Artur de Almeida e Silva e Francisco Mateus Dias dos Santos, que em carta aberta ao ‘Maka Angola’, alegam que “parte do dinheiro das vendas da Arosfran, detida pelos signatários, bem como da Afribelg e Golfrate, grupos detidos por Kassim Tajideen, teriam circulado pelas contas da empresa ALLCOMERCE, controlada pelo filho do juiz Rui Ferreira.”

Uma investigação levada a cabo pelo Club-K dá conta de uma operação de 50 milhões de euros que Sidney Ferreira, o filho do actual Presidente do Tribunal Supremo realizou, em 2011,  através de uma conta da empresa que partilha com a família Tajideen, os irmãos  libaneses que antes eram sócios da Arosfran. Na altura dos factos Sidney contava com 23 anos de idade.


A história começa quando em 2010/2011, o governo angolano encerrou o Grupo Arosfran expulsando os seus donos, neste caso, os irmãos libaneses Ali Tajideen e Husayn Tajideen que estavam a ser acusados – Pelos Estados Unidos da América – de usar os seus negócios para financiar o grupo terrorista Hezbollah.


Com a expulsão dos dois irmãos libaneses, de Angola, um grupo de membros do circulo da confiança do então Presidente José Eduardo dos Santos – ajudado pelo seu então advogado Rui Constantino da Cruz Ferreira – ficou com os ativos da extinta Arosfran, e a rebatizou, com a designação de Nova Distribuidora Alimentar e Diversos (NDAD), registrada a 13 de Abril de 2011. Outra parte dos ativos ficou com o próprio advogado da Arosfran, Rui Ferreira, através da empresa ALLCOMERCE.


“Esta sociedade – NDAD –  foi criada com o intuito de absolver no mercado angolano as estruturas da (Arosfram Golfrate e Muteba), pertencentes ao Sr Kassim Tejedinne com a finalidade de dar continuidade a grande estrutura de distribuição alimentar a população mais desfavorecida , tendo me sido confiada essa responsabilidade de gestão pelo Estado angolano , que aceitei , o desafio sem qualquer hesitação.”, escreveu, em 2016, o empresário francês Vicent Micle, ex-sócio de Kopelipa, numa exposição destinada ao então Presidente José Eduardo dos Santos.


Segundo documentos em posse do Club-K, a ALLCOMERCE foi constituída no dia 1 de Abril de 2011, fazendo parte da sua subscrição o sócio libanês Mohammed Tajideen (95%) e Laurinda Jacinto Prazeres Monteiro Cardoso (5%).


Mohammed Tajideen é filho do suposto terrorista Kassim Tajideen,   que se encontra detido nos Estados Unidos. Já Laurinda Cardoso é a advogada que subscreveu como representante legal da família Ferreira. Laurinda Cardoso é a actual a Secretária de Estado para a Administração do Território do governo de João Lourenço.


A ALLCOMERCE é liderada  por Sidney Carlos Manita Ferreira, filho do Juiz Rui Ferreira. Sete meses após a sua constituição, a ALLCOMERCE já tinha na sua conta mais de 50 milhões de dólares. Os irmãos Kito e Artur, na sua carta ao “Maka Angola” apontam esta empresa como um dos canais de circulação de dinheiros do socio libanês Kassim Tajideen que foi expulso de Angola pelas autoridades e que se encontra detido nos Estados Unidos da América, depois de ser entregue pelo governo dos Marrocos.


No dia 14 de Novembro de 2011, Sidney Carlos Manita Ferreira na qualidade de Presidente do Conselho de Administração da ALLCOMERCE, pediu ao Banco Internacional de Credito (BIC) de Portugal um empréstimo financeiro “para fazer face ao plano de actividades traçadas dentro do objectivo social”. Como garantia, Sidney Ferreira, orientou ao banco para que cativasse o montante de 50 milhões de dólares da conta da empresa “como penhora ao financiamento que se pretende”.


Para o analista Carlos de Viegas, a comunicação de Sidney Ferreira com o banco BIC veio comprovar que as denuncias de Artur e Kito, não estavam incertas quando estes dois empresários que se dizem “golpeados” por Rui Ferreira, indicavam a ALLCOMMERCE como criada na sequencia do desmembramento da Arosfran.


“Isto é uma prova que o Doutor Rui Ferreira quando ajudou o governo a expulsar  a expulsar o empresário Kassim Tajideen tornou-se seu sócio do mesmo,  por via do seu filho.”, diz Carlos de Viegas lembrando que “Rui Ferreira não poderia entrar directamente no negócio por ter estado a exercer  cargos de juiz Presidente  do Tribunal  por isso colocou a frente,  o filho Sidney, já o suposto terrorista  faz se representar neste negocio pelo seu filho Mohammed Tajideen.”


“Esta negociata certamente terá facilitado a passagem das outras empresas do grupo Afribelg e das suas fazendas para a gestão da família Ferreira.”, escreveram os dois irmãos Kito e Artur acrescentando que “Temos, como exemplo, a Fazenda Filomena, no Bengo, com um total de quatro mil hectares, que passou para a propriedade de Sidney Carlos Manita Ferreira, filho de Rui Ferreira. Aquele que um dia foi nosso advogado, já no exercício da função de juiz presidente do Tribunal Constitucional, viabilizou a usurpação do que é nosso por direito.”


“É de uma monstruosa falta de lisura e de desrespeito pela lei angolana o papel de Rui Ferreira na venda de uma empresa cujos donos o haviam contratado, mas não foram tidos nem achados no negócio de venda da sua própria empresa. O jurisconsulto não podia ignorar que, ao dar o seu aval ou ao imiscuir-se na venda da Arosfran, sem o consentimento dos seus legítimos accionistas, teria participado na venda de um bem alheio, na consagração de um roubo.”, lê-se na carta dos irmãos fundadores da extinta empresa de Alimentos Arosfran.

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