A Ucrânia respondeu duramente ao Papa Francisco no domingo prometendo “nunca” se render à Rússia em resposta a um apelo do pontífice para ter “a coragem de levantar a bandeira branca e negociar“.
“A nossa bandeira é amarela e azul. É a bandeira pela qual vivemos, morremos e triunfamos. Nunca levantaremos outras bandeiras“, disse o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, numa mensagem no X (antigo Twitter).
“Quanto à bandeira branca, conhecemos a estratégia do Vaticano na primeira parte do século 20. Por isso, apelo que evitem repetir os erros do passado e que apoiem a Ucrânia e o seu povo na sua luta pela vida“, acrescentou, numa aparente referência ao período da Segunda Guerra Mundial e às relações da Igreja com a Alemanha nazi.
Disse no entanto, esperar que o soberano pontífice “encontre a oportunidade de fazer uma visita canônica à Ucrânia“.
Numa entrevista à televisão pública RTS no início de Fevereiro e transmitida no sábado, o Papa Francisco, quando questionado sobre a situação na Ucrânia, pediu a Kiev que não tivesse “vergonha de negociar antes que as coisas piorassem“.
“Creio que os mais fortes são aqueles que olham para a situação, pensam nas pessoas e têm a coragem de levantar a bandeira branca e negociar”, disse ainda ao papa Francisco na mesma entrevista.
À cabeça da igreja católica desde 2013, o Papa Francisco, já havia sido criticado no início da invasão russa à Ucrânia, por não ter claramente designado a Rússia como país agressor.
A partir do sábado à noite, o Vaticano procurou corrigir a situação, insistindo num comunicado em que a fórmula da “bandeira branca” significava “uma cessação das hostilidades, uma trégua obtida com a coragem de negociar” e, não uma rendição.
Depois de rezar o Angelus no domingo, o Papa Francisco também pediu a paz “na Ucrânia martirizada“, mas outros funcionários interpretaram mal as suas declarações. O embaixador de Kiev no Vaticano, Andriy Yurash, comparou a sugestão às negociações com Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.
E foi mais adiante, afirmando no X que: “Se quisermos acabar com a guerra, temos de tudo fazer para matarmos o Dragão!”
Quem também apoiou o posicionamento da Ucrânia, foi Edgars Rinkevics, presidente da Letônia – outra antiga república soviética com relações tensas com Moscovo, por temer uma agressão russa a qualquer momento, que no X apelou a Ucrânia “a não capitular face ao mal“, mas sim, a “vencê-lo“, para que seja ele a “içar a bandeira branca.”
Fonte: RFI