O candidato presidencial Venâncio Mondlane interpôs junto do Conselho Constitucional moçambicano um recurso pedindo a nulidade da votação no círculo eleitoral do Zimbabué alegando que contou com votos de 296.519 zimbabueanos “sem capacidade eleitoral ativa”.
De acordo com o recurso apresentado por Judite Simão, mandatária de Venâncio Mondlane, o mesmo invoca a “nulidade da eleição presidencial” de 09 de outubro na circunscrição do país vizinho, citando os dados do relatório da Southern AFrica Human Rights Lawyers High Comission Mozambique, que refere que aquele número de cidadãos zimbabueanos votou “ilegalmente”.
“Havendo vontade e interesse na apreciação da matéria, podem ser feitas diligências junto do Ministério do Interior para se averiguar se os 296.519 votantes/eleitores (…) são ou não moçambicanos com dupla nacionalidade”, lê-se no recurso, documentando com fotos de cartão de eleitor.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique aprovou a constituição de 602 assembleias de voto em sete países africanos e dois europeus para a votação total de 331.939 eleitores recenseados no estrangeiro e que podiam votar nestas eleições de 09 de outubro, para as presidenciais e legislativas.
O país com maior número de assembleias de voto foi a vizinha África do Sul, com 359, para a votação de 215.831 eleitores, mas foi ainda aprovada a constituição, nomeadamente, de 60 assembleias no Zimbabué.
Venâncio Mondlane contesta a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional.
Os líderes da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade, e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, os dois maiores partidos da oposição e ambos também candidatos ao cargo de Presidente da República na votação de outubro, pediram nos últimos dias a anulação e repetição das eleições, alegando várias irregularidades no processo.
“Esqueçam. Nós queremos a verdade eleitoral. Quem ganhou, ganhou. Os votos não se negoceiam”, respondeu na terça-feira Venâncio Mondlane, sobre essas posições.
No mesmo dia, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, convidou os quatro candidatos presidenciais para uma reunião, incluindo Venâncio Mondlane, e disse que as manifestações violentas pós-eleitorais instalam o “caos” e que “espalhar o medo pelas ruas” fragiliza o país.
“Prometo que, até ao último dia do meu mandato, irei usar toda a minha energia para pacificar Moçambique, irei usar. Mas para que eu tenha sucesso nesta missão, precisamos de todos nós e de cada um de vocês (…). Moçambicanos têm de estar juntos para resolvermos os problemas”, disse Nyusi, numa mensagem à nação, de cerca de 45 minutos, sobre a “situação do país no período pós-eleitoral”.
Apelando à “libertação do egoísmo” neste processo pós-eleitoral, o chefe de Estado, cujo último mandato termina em janeiro, garantiu que o Governo está “aberto” para “juntos” encontrar “uma solução” para o atual momento, marcado por paralisações e manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
“Precisamos inclusivamente dos diferentes candidatos a Presidente da República. Precisamos do envolvimento do Lutero Simango, do Daniel Chapo, do Venâncio Mondlane e do Ossufo Momade. Precisamos do envolvimento dos seus colaboradores e apoiantes. Quero aproveitar esta ocasião para convidar a todos eles, esses quatro que eu falei, os candidatos, para aceitar o meu apelo para reunirmos com os quatro, para, em conjunto, avaliarmos esta situação e encontrarmos uma solução que beneficie os moçambicanos”, disse Nyusi.
Fonte: MSN