O director do Instituto de Línguas Nacionais (ILN), José Pedro, defendeu, terça-feira, em Luanda, a contínua transmissão das línguas maternas à nova geração, em especial as de origem regionais, um acto que deve começar desde a infância.
Para o director, é preciso que os pais e encarregados de educação não deixem de transmitir tal conhecimento, de forma a preservar uma parte da própria identidade nacional. “Temos de passar às crianças mais informações sobre as línguas maternas, antes mesmo destas aprenderem mais sobre outros idiomas”.
Em entrevista à imprensa, por ocasião do Dia Internacional da Língua Materna, assinalado ontem, o director destacou o lema da edição deste ano: “Educação multilíngue uma necessidade para transformar a Educação”.
José Pedro considerou a educação multilíngue, baseada na língua materna, um passo para facilitar o acesso e a inclusão na aprendizagem de grupos populacionais que falam línguas não dominantes, geralmente composto por uma população minoritária. “Sobre a data é ainda importante destacar o respeito pela diversidade cultural e linguística”, disse.
A realização de campanhas de sensibilização, adiantou, é uma medida necessária, por ajudar a criar um sentimento de tolerância e respeito pela preservação do património cultural e linguístico dos vários povos do mundo. “As sociedades multilingues e multiculturais existem através das suas línguas que transmitem e preservam conhecimentos e culturas tradicionais de forma sustentável”, referiu.
O director do ILN avançou que a diversidade linguística está cada vez mais ameaçada à medida que mais e mais línguas desaparecem no mundo. “De acordo com as estatísticas, 40 por cento da população mundial não tem acesso à educação, nem fala ou entende um idioma”.
José Pedro lembrou que vários progressos estão a ser feitos na educação multilíngue com a crescente compreensão da sua importância, particularmente na educação infantil. “Todavia, o desafio para a inserção das línguas maternas nas escolas enquadra-se nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial no ODS 4 que desafia os Estados Membros a garantir uma educação inclusiva e de qualidade para todos e promover a aprendizagem ao longo do tempo”, destacou.
As línguas maternas, lembrou, permanecem vivas, “se cada um não sentir receio de as falar e se mostrarmos interesse em aprender com os pais ou pessoas que as dominam”. A afirmação, avançou, é sustentada, também, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), para quem
“a vitalidade das línguas depende da união e da protecção de todos aqueles que as falam”.
Dia Internacional da Língua Materna
O Dia Internacional da Língua Materna é celebrado anualmente a 21 de Fevereiro e visa promover, preservar e proteger todas as línguas faladas pelos povos em todo o mundo.
De acordo com a UNESCO, estima-se que existam mais de 7.000 línguas em todo o globo. No entanto, metade destas corre o risco de vir a desaparecer.
Origem da data
O Dia Internacional da Língua Moderna foi proclamado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1999, sendo comemorado em todos os seus países membros, com o objetivo de promover a diversidade linguística e cultura, entre as diferentes nações.
Na data, um grupo de estudantes organizou uma campanha para incluir o bengalês como uma das línguas oficiais do Paquistão, em
21 de Fevereiro de 1952. No entanto, acabaram sendo todos assassinados por forças policiais.
Este movimento em prol da inclusão do bengalês começou quando Muhammad Ali Jinnah, general paquistanês, declarou que o idioma Urdu passaria a valer como língua oficial tanto no Paquistão do Oeste, como no Leste (local que tinha como língua principal o bengali).
A escolha do dia 21 de Fevereiro para comemorar o Dia Internacional da Língua Materna serve para lembrar a população mundial da tragédia que ocorreu em Fevereiro de 1952, na cidade de Daca, no Bangladesh.
Fonte: JA