Já quase ninguém tem dúvidas de que Donald Trump está muito perto de voltar à Casa Branca. No Ocidente, o pânico tende a generalizar-se, fundamentalmente porque Trump não quer deitar mais dinheiro fora num esforço de guerra inglório na Ucrânia.
No campo das impressões e percepções, o atentado contra o candidato republicano potenciou esta possibilidade e é, por cá, converva de bar.
O que foi surpreendente na agressividade do Ocidente, em relação à Rússia, mostra que os líderes europeus perderam a razão ao insistirem em sacrifícios de uma guerra, sem glória nem beira, porque contam com a protecção dos Estados Unidos da América.
Hoje, diante da nova realidade militar na Ucrânia, os problemas internos nos Estados Unidos e na Europa, há uma unanimidade de que o esforço de guerra feito para vergar a Rússia não foi alcançado. A aposta numa guerra sem fim à vista vislumbra-se perdida.
A essa desilusão, soma-se a insistência e o apoio irracional à guerra de Netanyahu, onde assistimos aos assassinatos massivos e frios de crianças, mulheres e homens na palestina, com o argumento de eliminar os insurgentes do Hamas.
A situação hoje é volátil e evolui, desfavoravelmente, tanto para a Europa, pelos resultados eleitorais e a ascensão dos partidos radicais e nacionalistas de direita, como pelo cansaço da população pelas políticas liberais que estão a decompor o modelo instalado.
Em Portugal, alguns fanáticos e entusiastas do apoio à Ucrânia começam a colocar os pés no chão. Tendem a acreditar, agora, que as ilusões da força do Ocidente e da Organização do Atlântico Norte (NATO) para impor uma derrota à Rússia é intangível.
Aquele entusiasmo inicial, à custa do sangue dos ucranianos e destruição do país, dá lugar ao cepticismo e deixa as sociedades europeias em dificuldades com um horizonte sombrio e perspectivas nebulosas.
E o que chama a atenção, no caso particular de Portugal, é que as causas da derrota da Ucrânia foram sempre apontadas pela lucidez do general Agostinho Costa, um militar experimentado e entendido na matéria, quase sempre contrariado no campo das ideias.
Hoje, o cenário está mais claro, o panorama internacional está a mudar e a tendência de vitória de Donald Trump parece irreversível.
Na verdade, olhando para trás, as relações internacionais podem mudar significativamente de foco com Donald Trump. O republicano, tal como vimos no seu primeiro mandato, não mostra agressividade de envolver-se em conflitos.
O primeiro mandato de Trump (2017-2021) é prova disso. Ele geriu apenas o passivo e, em alguns casos, reduziu a presença dos EUA em diferentes regiões do mundo.
Com a administração Biden, a aprovação dos Estados Unidos em África caiu e já é superada pela China. Por outro lado, cresce a simpatia pela Rússia em boa parte do continente. Um inquérito realizado na Alemanha pela empresa Latana sobre o Índice de Percepção da Democracia em 2024, realizado em 53 países, mostra que a maioria dos países da Ásia, Médio Oriente e de África têm uma visão muito positiva da Rússia e da China. Isto demonstra que a velha hegemonia americana no mundo se está esvaindo.
A possibilidade do regresso triunfal de Donald Trump à Casa Branca coloca a Europa num terrível stress. Vamos aguardar o abalo, Novembro está já aí às portas.