Na sua tão aguardada visita à Casa Branca, depois da cimeira do Alasca, Volodymyr Zelenskyy teve mais cuidado com as palavras e até com a sua apresentação. Desta vez, o presidente ucraniano vestiu um fato preto, elogiado por Trump. Em fevereiro, tinha sido fortemente criticado em plena Sala Oval pelo vice-presidente JD Vance e por um jornalista que o provocaram por causa da sua indumentária – que tem sido de índole militar, o que se justifica, já que o seu país enfrenta uma dura guerra com a Rússia. Zelenskyy, enquanto chefe de Estado, já o tinha dito que se veste desse jeito em honra do seu exército.
O grande tema da reunião na Sala Oval passou pelas garantias de segurança de que a Ucrânia precisa para aceitar um acordo de paz e se Trump estaria disposto a fornecê-las.
Zelenskyy explicou o que o seu país precisa para se sentir seguro, o que incluía um “exército ucraniano forte”, através da venda de armas e de formação. A segunda parte, disse, dependerá do resultado das conversações de segunda-feira e do que os países da União Europeia (UE), a NATO e os Estados Unidos (EUA) forem capazes de garantir ao país devastado pela guerra.
Trump não chegou a comprometer as tropas norte-americanas para o esforço, dizendo, em vez disso, que haveria uma presença de segurança “semelhante à da NATO”, mas que todos esses pormenores seriam discutidos na reunião da tarde com os líderes da UE.
“Eles querem dar proteção e estão muito empenhados nisso e nós vamos ajudá-los”, afirmou Trump. “Penso que é muito importante concluir o acordo”.
Donald Trump garantiu a Zelenskyy que terá segurança e “muito boa”, sublinhando depois que essa “segurança seria paga”. Na resposta a um jornalista, Trump afirmou que a Ucrânia está a pagar pelo armamento recebido e o próprio Zelenskyy confirmou que o seu país tem alguns “programas em marcha” que permitem pagar por essa “segurança”.
“Vamos dar-lhes muito boa proteção, muito boa segurança”, disse Trump, ao seu estilo. “Faz parte, e as pessoas esperam isso de nós, penso que as pessoas querem que nós ajudemos”, sublinhou.
Zelenskyy limitou-se a confirmar que o seu país precisa “de tudo”, desde armas, formação militar, inteligência, e acima de tudo, “exército ucraniano forte”, respondeu o Presidente da Ucrânia.
A conferência de imprensa, transmitida ao vivo pelos principais canais internacionais, durou alguns minutos e, apesar de ter dado a sensação de que houve espaço para perguntas de muitos dos jornalistas presentes na Sala Oval, na realidade, parece ter sido dada voz sempre aos mesmos, incluindo Brian Glenn, um jornalista conotado com a extrema-direita e, segundo a BBC, próximo de Trump.
Houve, até, um momento caricato com esse jornalista. Em fevereiro, Brian Glenn provocou Zelenskyy pela sua roupa. Desta vez, Glenn elogiou o fato do líder ucraniano, que agradeceu os comentários. O presidente ucraniano retorquiu, dizendo-lhe que Glenn “ainda estava com o mesmo fato, desde fevereiro”, o que deu origem a algumas gargalhadas na Sala Oval. Já JD Vance manteve-se em silêncio.
Fonte: MSN