Com a quase inactividade das casas de câmbio e os problemas de escassez de divisas nos bancos , restam as kinguilas, que quando se trata de valores à volta dos 500 euros, praticamente custam o mesmo que transferir divisas para fora através dos bancos. No entanto, se o valor for abaixo de 440 euros, ir às kinguilas já fica mais barato.
Actualmente é quase tão caro realizar transferências internacionais até 500 euros por via dos bancos como ir às kinguilas de rua comprar moeda estrangeira e enviar para exterior do País, de acordo com cálculos da imprensa, já que as taxas fixas cobradas pela banca fazem com que quanto mais baixo for o valor a transferir, mais cara fica a operação.
A contínua desvalorização cambial que se verificada desde o ano passado, face ao dólar e ao euro, pesaram nas necessidades de divisas por parte das famílias angolanas que têm dependentes a viver noutros países que além da depreciação do Kwanza ainda enfrentam dificuldades com longas demoras para realização das transferências internacionais por via dos bancos.
Mota dos Santos, por exemplo, conta que em primeira instância, decidiu recorrer aos bancos para transferir dinheiro para fora de Angola (para ajuda de custos, segundo conta), mas motivado pelas altas taxas combinadas com o tempo de espera, optou por comprar na rua e enviar o dinheiro em cash. “Foi muito mais prático do que fazer pelo banco”, disse.
Logo, com a quase inactividade das casas de câmbio e os problemas com a escassez de divisas nos bancos comerciais, associado à depreciação do Kwanza, restam as kinguilas, que quando se trata de valores em volta dos 500 euros, praticamente custam o mesmo que transferir divisas para fora através dos bancos. No entanto, se o valor for abaixo de 440 euros, ir às Kinguilas já fica mais barato.
A título de exemplo, se o cliente bancário pretender transferir 400 euros, terá de ter no mínimo 522 mil Kz na conta. Contas feitas, cada euro sai a cerca de 1.305 Kz, quando transferido para o exterior, ao passo que nas kinguilas, cada unidade da moeda europeia saía esta terça-feira a 1.285 Kz, tornando-se assim mais barato comprar divisas no mercado informal.
Só ficaria mais caro nas kinguilas digitais (pessoas que recebem dinheiro em kwanzas na sua conta angolana e transfere euros da sua conta na Europa para uma conta do cliente também lá fora), que cobravam nesse dia 1.300 Kz por cada euro, só que a vantagem é que a transferência é feita no dia e por via bancária. Entretanto, esta prática é ilegal e como qualquer prática fora da lei os envolvidos correm sempre o risco de caírem em esquemas fraudulentos. O mesmo acontece nas ruas.
Nos bancos, quanto maior o valor, maior o custo
Por conta da desvalorização que a moeda nacional vem sofrendo nos últimos tempos o custo para realizar transferências internacionais pela banca também foi afectado, já que os custos que estas operações acarretam incidem sobre o equivalente em kwanzas do valor em moeda estrangeira que se quer transferir. Logo, se são hoje necessários mais kwanzas para transaccionar a mesma quantidade de moeda estrangeira que se movimentava há um ano, então o custo para tal operação também é maior.
Para se ter uma ideia, de acordo com os cálculos feitos pelo Expansão no dia 11 de Setembro do ano passado, eram necessários cerca de 526,8 mil Kz para transferir 500 euros para fora de Angola, dos quais 451,6 mil Kz equivalente ao valor convertido em euros ao câmbio do dia (do BFA) e os restantes 75,2 mil referentes aos custos da operação. Ou seja, realizar a operação custava mais 14% do valor.
Mas hoje, para transferir os mesmos valores por via da banca nacional gasta-se mais 19% do valor com as despesas, uma vez que 500 euros equivalem hoje a 529,9 mil Kz ao câmbio do BFA praticado no desta terça-feira, (s 1059,7 Kz por cada euro), mais 101,4 mil referentes às despesas da operação. Contas feitas, uma transferência de 500 euros valem hoje 631,3 mil Kz.
A base para os cálculos da imprensa envolveu a taxa de câmbio do dia 03 de Setembro do BFA, 1.059,7 Kz, acrescido de comissão de emissão (0,6% do valor a transferir em Kz) e dos respectivos 14% de IVA. Contempla também o valor pago em comissões totais, equivalente a 70 euros à taxa de câmbio do banco, acrescido de 14% de IVA sobre esse valor.
Fonte: Expansão