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“Sinto-me como um peixe na água” – Rui Falcão

Quadro formado em educação física, fundador da federação de Karaté e chefe do Departamento de Coordenação da então Direcção da Cultura Física e Recreação, Rui Falcão define-se como “um peixe na água”, agora como ministro da Juventude e Desportos.

O especialista em “Shotokan”, estilo mais popular do karaté, afirmou ter sido na cultura física, e sob sua liderança, que se realizaram grandes acções para a generalização do desporto, em Angola.

Rui Falcão Pinto de Andrade lembrou com nostalgia a organização de festivais gimnodesportivos, os maiores até à data, o último dos quais realizado em 1990, com a participação de 28.250 alunos, entre eles 5.600 pertenciam aos quadros humanos.

Numa entrevista concedida à Rádio 5, no domingo, em Luanda, cinco meses após a sua nomeação, em substituição de Palmira Barbosa, destacou a adequação da legislação sobre antidopagem como tendo sido dos primeiros grandes desafios que enfrentou.

O documento, já aprovado pela Assembleia Nacional, harmoniza a legislação ordinária em vigor com a Convenção Internacional contra a Dopagem no Desporto e ao Código Mundial Antidopagem.

Rui Falcão voltou a esclarecer que Angola nunca foi sancionada pela Agência Mundial Antidoping (WADA) e que teve de “blindar” a equipa envolvida no processo para evitar interferências externas.

Citou, por exemplo, o facto de Angola ter organizado, naquele período, os Campeonatos Africanos de judo e de natação sem nenhuma restrição e que o seu ministério aguarda agora pela resposta da WADA após o cumprimento das orientações e entrega da documentação comprovativa.

Outro desafio nestes primeiros meses de liderança no MINJUD prende-se com a necessidade de redefinição da estratégia de desenvolvimento do desporto, já que o documento encontrado não correspondia às expectativas.

Indicou ter sido necessário realizar, em tempo recorde, o terceiro Encontro Nacional do Desporto, para acolher contribuições entre os fazedores desta vertente social.

Planadesporto:

Denominado “Planadesporto”, trata-se de um documento orientador para o desenvolvimento, amplamente enriquecido, esperando-se pela sua aprovação, em breve.

De acordo com o governante, o dossiê possui âncoras como a reorganização da pirâmide desportiva, tendo em conta factores como desporto comunitário, recreativo e escolar, este último enraizado a partir da educação física nas instituições de ensino.

Consta também a realização de competições inter-turmas e depois evoluir-se até aos Campeonatos Nacionais, sem esquecer o pressuposto básico, as infra-estruturas quase inexistentes nas escolas.

Destacou ainda a necessidade de construção de imóveis desportivos nas comunidades e nas escolas, além da valorização do professor de educação física, numa altura em que o número de profissionais no activo de nível médio ou superior é exíguo em relação a demanda.

Disse que o seu pelouro, na qualidade de organismo de tutela, criou uma comissão que trabalha com o Ministério da Educação para a revitalização do desporto escolar.

Na sequência, realizou-se já um encontro considerado frutífero e com ideias totalmente convergentes.

Lembrou as previstas acções de construção de espaços polidesportivos com campos, quadras para desportos de sala, piscina e pista de atletismo como rampa de lançamento ao desporto federado.

O projecto abarca, igualmente, a formação de pelo menos 12 mil monitores comunitários, visando a criação de equipas de técnicos capazes de passar conhecimento aos restantes profissionais, nas 18 províncias do país.

Rui Falcão afirmou que tão logo o Planadesporto seja aprovado será criada a Comissão Nacional de Desenvolvimento do Desporto Escolar.

Aprovação do novo estatuto do MINJUD

O documento que brevemente vai à apreciação do Conselho da República deve ser adequado às principais responsabilidades actuais, segundo o ministro.

Rui Falcão citou, por exemplo, a inexistência de um órgão a nível ministerial que se responsabilize pela generalização desportiva que não tem nada a ver com o desporto de competição, sendo duas realidades distintas.

De acordo com o ministro, não se pode pôr um órgão vocacionado para dirigir o desporto federado a fazer generalização desportiva para qual não está vocacionado.

Por  outro lado, disse existirem outras nuances que devem ser respeitadas e referiu-se, concretamente, ao facto de o MINJUD não ter mecanismo de fiscalização formal daqueles que trabalham nessas áreas.

Disse ter-se chegado ao ponto de que quem licencia ginásios para a prática desportiva ser o Ministério do Comércio.

Lembrou que o seu pelouro não tem vocação para licenciar centros comerciais ou supermercados, pelo que não pode ser vocação do Ministério do Comércio licenciar ginásios ainda que de forma indirecta.

Sobre a questão, manifestou preocupação quanto à qualidade da fiscalização e do nível dos profissionais que trabalham nestes locais de formação de atletas.

O ministro interrogou-se sobre o conhecimento desses agentes em relação à cientificação sobre o treinamento e o controlo dos suplementos alimentares, nos ginásios, estendendo a sua reflexão até aos riscos de vida inerentes ao mau uso dos produtos.

Por fim, Rui Falcão fez futurologia, afirmado que gostaria de deixar o cargo ministerial melhor do que encontrou, com um desporto bem estruturado e generalizado, e o sector  da juventude com quadros bem formados, capazes de assumir as rédeas do país, tendo por base o amor pátrio.

Fonte: Angop

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