O Serviço de Investigação Criminal (SIC) capturou em Luanda, há uma semana, dois codadãos israelitas dados como foragidos após serem condenados, em 2017, pelo tribunal de Benguela, a oito anos de prisão num processo em que um dos lesados é sócio, também israelita, do secretário para os assuntos políticos e eleitorais do Bureau Político do MPLA, João de Almeida Martins “Jú Martins”.
Na cadeia do Cavaco, em Benguela, desde segunda-feira, Tal Eliaz e Voimoy Atia foram condenados, no quadro do processo-crime 2079/17, por abuso de confiança e branqueamento de capitais.
“Estamos, sim, com estes cidadãos, recebemos os homens no início desta semana, vindos de Luanda”, avançou à imprensa um alto funcionário dos Serviços Prisionais.
Em Benguela, os condenados, ligados a Dudik Hazam, o sócio de “Jú Martins” no negócio do sal, vão cumprir, segundo apurou à imprensa, uma pena de três anos, inferior à inicial, estabelecida pelo Tribunal Constitucional na sequência de recursos interpostos pela sua defesa.
Os advogados da dupla israelita começaram por recorrer para o Tribunal Supremo, que não se opôs à acusação do Ministério Público e à decisão do Tribunal, conforme o acórdão [3258/19] consultado pelo NJ, tendo posteriormente avançado para o Tribunal Constitucional.
Ali, o melhor que os causídicos conseguiram foi uma redução da pena, esta que agora começou a ser cumprida após a captura dos condenados, possível “graças a uma operação conjunta entre os Serviços de Investigação Criminal de Benguela e Luanda”.
Não foi possível obter reacções da defesa dos cidadãos israelitas, igualmente suspeitos de envolvimento em tráfico de diamantes, mas à imprensa sabe que a batalha judicial não fica por aqui.
Abordado a propósito, o advogado do empresário lesado, Oswaldo Salupuca, preferiu, agora nesta fase, não trazer à liça a forma como o seu constituinte foi prejudicado, optando apenas por salientar que “está a ser feita justiça”.
Desta forma, diz estar a contrariar “informações deturpadas” sobre uma eventual mão invisível por detrás da captura dos condenados, realçando que tais inverdades podem colocar em causa o bom-nome das instituições angolanas.
“Pensamos que foi feito um julgamento justo. São insinuações falsas, caluniosas e vexatórias de certos indivíduos perfeitamente identificados”, assinalou o causídico.
A empresa do sócio de “Jú Martins” terá, em consequência, registado prejuízos superiores a 5 milhões de dólares norte-americanos.
Fonte: NJ