Os sete bancos comerciais a funcionar no país tiveram o maior lucro acumulado, depois de impostos, da história do sistema financeiro do país. O aumento dos juros e proveitos equiparados foi a principal justificação.
O Banco Central de Cabo Verde publicou esta semana os balanços dos sete bancos comerciais que operam em Cabo Verde e que reflectem um resultado histórico em termos de lucros, 5,20 mil milhões de escudos no total, correspondendo a cerca de 52,27 milhões de dólares. São valores depois de impostos, transversais a todo o sistema bancário, uma vez que todas as instituições apresentaram lucros (ver tabela). O aumento dos juros e proveitos equiparados (61,3%) foi o que mais contribuiu para os lucros dos bancos comerciais, segundo o banco central.
Este é um caminho de crescimento acelerado que acontece há três anos consecutivos, em 2021 cresceu quase 20%, em 2022 cerca de 26,5% e agora em 2023, mais 19,1%. No seguimento do que foi a recuperação da actividade económica no arquipélago a seguir à crise da covid-19.
A melhoria do desempenho do sistema financeiro, de acordo com o documento, deve-se sobretudo ao aumento da margem financeira, mais 8,9% relativamente a 2022, e pela redução das imparidades, que reflecte também a diminuição de incumprimentos por parte dos clientes. Interessante verificar também que os depósitos de clientes cresceram para 260,9 mil milhões de escudos (2,63 mil milhões USD), em comparação com os 251,2 mil milhões de escudos (2,53 mil milhões USD) existentes no final de 2022.
No final de 2023, os meios de financiamento de todo o sistema bancário cabo-verdiano aumentaram 3% relativamente ao ano anterior, atingindo 292,2 mil milhões de escudos (2,94 mil milhões de USD). Entenda-se meios de financiamento do sistema bancário como os recursos de bancos centrais, de instituições de crédito, depósitos à ordem e a prazo e outros depósitos e obrigações subordinadas.
Duas instituições bancárias, o International Investment Bank e o Banco Comercial Atlântico (BCA), representaram mais de 51% dos lucros da banca daquele país, que se somarmos a terceira instituição neste ranking, a Caixa Económica de Cabo Verde (CECV), podemos concluir que os três bancos valeram cerca de 70% deste valor. “Apesar do valor histórico, as maiores contribuições vieram de três bancos: dois de elevada importância sistémica (BCA e CECV) e um não sistémico (IIB), cuja contribuição conjunta representa 69,9% do aumento dos lucros”, lê-se no documento do regulador cabo-verdiano.
“A eficiência operacional do sistema bancário melhorou, em 2023, não obstante o aumento dos custos de funcionamento do sector, em 6,1%, reflectindo o aumento do produto bancário que cresceu 9,3%”, acrescenta o banco central.
Quanto aos níveis de liquidez do sector bancário, o banco central considerou que “permaneceram confortáveis”, evoluindo de forma positiva na sua generalidade, “o que confirma que o sector bancário dispõe de activos líquidos suficientes para satisfazer as necessidades de liquidez”.
No final de 2023, os bancos tinham uma liquidez equivalente a 170,1 mil milhões de escudos (1,71 mil milhões USD), um aumento 5,7%, justificado, sobretudo, pelas aplicações dos bancos em instituições.
Recorde-se que no sistema financeiro de Cabo Verde estão a decorrer a nesta altura processos de liquidação em dois bancos – Banco BIC Cabo Verde e Banco Privado Internacional – que não fazem parte destes números. Importante também o facto de Caixa Geral de Depósitos (Portugal), quem tem participação maioritária no BCA (58.91% do capital), estar em processo de venda da sua posição à Coris Holdings do Burkina Fasso.
O Banco Comercial do Atlântico e a Caixa Económica de Cabo Verde são classificados como bancos de elevada importância doméstica, e o Banco Cabo-verdiano de Negócios (BCN) e o Banco Interatlântico (BI) como bancos de ligeira importância doméstica.
Fonte: Expansão