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Relatos de moradores que viram desabar quase toda uma vida junto com o edifício ″76″

Moradores abrigados em casas de familiares, ainda incrédulos e traumatizados, contam como tem sido o dia-a-dia após perderem os seus pertences na queda do edifício em Luanda. Há quem esteja a precisar de acompanhamento psicológico, enquanto outros são gratos ao milagre que dizem ter vindo de Deus.

Rossana Cachaimbole foi a última a sair do Prédio 76-78, segundos antes de a estrutura toda ir desabar, conforme os vídeos amadores partilhados nas redes sociais. Do momento que a mulher, de 46 anos, sai do edifício com o bebé de dois meses ao colo até à queda total do edifício, passaram pouco menos de 10 segundos. Por isso, ainda traumatizada e incrédula com o “filme” que viveu, a mulher decidiu-se a contar a sua história em uma das páginas, começando com um desabafo algo surpreendente: “Até sexta-feira, 24 de Março, ninguém me tinha dito absolutamente nada do que se estava a passar no prédio”, diz Rossana Cachaimbole, que até admite ter mantido, na mesma semana do desabamento, uma breve conversa com uma equipa da ENSA e dos gestores do prédio, durante uma vistoria no seu apartamento.

“Perguntei o que se estava a passar, garantiram que não se passava nada, que era apenas uma visita de rotina”.

Os dias foram passando, e Rossana continuava na inocência, curtindo a maternidade dentro da sua casa, não sabendo que ela e a bebé, ambas recém-chegadas de Portugal, estavam, afinal, a aproveitar as últimas sonecas naquele que era o “lar doce lar”.

Foi por volta das duas da madrugada que o “doce sono” foi interrompido pelo grito dos vizinhos do lado de fora, que Vociferavam, apavorados, enquanto o edifício tremia.

“Assim que abro a janela, vejo do lado de fora carros dos bombeiros e fitas que isolavam o recinto. Peguei no berço da bebé e na mantinha dela, abri as portas e saí a correr só de pijama e umas chinelas”, lembra, acrescentando que, se está em vida, é por um milagre.

Segundo as autoridades, não houve registo de vítimas humanas, mas, para trás, ficaram os haveres, vivências e memórias das famílias que, durante décadas, viveram no local. “Perdi tudo, principalmente as coisas da minha bebé. Ela tinha de apanhar vacinas esta semana, mas não foi possível porque perdi tudo, num piscar de olhos”, lamenta Rossana.

Fonte: NJ

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