O avanço do M23 em Goma desencadeou tumultos na capital do país, Kinshasa, onde várias embaixadas foram alvo da fúria das dezenas de manifestantes que ocuparam as principais vias da cidade.
Os ataques visaram os edifícios das embaixadas do Ruanda, França, Bélgica e dos EUA.
Durante estes protestos em Kinshasa, foi exigido uma oposição ao avanço dos rebeldes M23 e pede-se uma ação por parte da comunidade internacional, no sentido de pressionar o Ruanda para parar com esta marcha sobre República Democrática do Congo (RDC).“Denunciamos a hipocrisia da comunidade internacional”, sublinhou Timothée Tshishimbi, um dos manifestantes. “Têm de dizer ao Ruanda que pare com esta aventura”, acentuou.
A polícia usou gás lacrimogéneo para dispersar a multidão que ía saqueando e incendiando partes dos edifícios. As embaixadas do Quénia e do Uganda e as imediações de instalações da ONU também foram atingidas.
Após a violência em Goma e Kinshasa, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, falou nesta terça-feira separadamente com os presidentes da República Democrática do Congo e do Ruanda sobre a escalada do conflito no leste do Congo, disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.
No telefonema de Guterres ao presidente do Ruanda, Paul Kagame, “houve também um ênfase especial na necessidade de proteger os civis naquela área”, disse Dujarric.
Entretanto, o M23 marcha em Goma
Pelas ruas de Goma ficaram muitos mortos pelo chão após as milícias do movimento rebelde M23 ter investido sobre a cidade.
Desde segunda-feira que o M23 reivindica que a cidade-chave de Goma está sob o seu controlo, assim como o aeroporto.
Por sua vez, o ministro do Desenvolvimento Rural da República Democrática do Congo (RDC), Muhindo Nzangi, veio dizer que o exército congolês controlava 80 por cento de Goma, alertando que há tropas ruandesas nos arredores da cidade e do outro lado da fronteira.
Este grupo – M23 -, que a ONU assegura que está a ter apoio do vizinho Ruanda, terá infringido um duro golpe nas tropas congolesas, levando a uma escalada do conflito que dura há vários anos e já matou centenas e deslocou milhões de pessoas na região.
De acordo com a agência de notícias France Presse, registaram-se pelo menos 17 mortos em Goma só nesta segunda-feira. Fontes hospitalares reportam 367 pessoas feridas nos confrontos. As ONGs que trabalham em Goma apontam 25 mortes e 375 pessoas feridas.
Há relatos que os hospitais de Goma se debatem com o elevado número de feridos, atingidos por balas, morteiros e estilhaços.
“Atualmente, há centenas de pessoas no hospital, a maioria internada com ferimentos de bala”, declarou Adelheid Marschang, coordenador de resposta de emergência da OMS para a RDC, citado na Al Jazeera.
Civis congoleses fogem de Goma, no leste da República Democrática do Congo, após combates entre os rebeldes do M23 e as Forças Armadas da República Democrática do Congo. O Ruanda recebe os deslocados em Rugerero, perto de Gisenyi, no distrito de Rubavu | Foto: Thomas Mukoya – Reuters
Jens Laerke, porta-voz da ONU, adianta esta terça-feira que continuam os disparos de morteiros e de armas de pequeno porte na ruas de Goma.
Este avanço sobre esta cidade representa a pior escalada desde 2012 num conflito de três décadas enraizado nas longas consequências do genocídio no Ruanda e na luta pelo controlo dos abundantes recursos minerais do Congo.
Fonte: Lusa