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Quase 100% dos trabalhadores querem mudar de vida profissional

A Covid-19 teve um impacto maior na vida dos trabalhadores em Angola do que no resto do globo, revela um estudo da Kept People, realizado entre Maio e Julho deste ano. O relatório revelou dificuldades acrescidas e a intenção de os trabalhadores darem mais importância à sua saúde mental.

Quase 100% dos trabalhadores em Angola querem mudar de vida, revela um estudo realizado pela Kept People, empresa especializada em capital humano, e que tem como objectivo analisar o impacto da pandemia da Covid-19 na força de trabalho. Um universo de 98% dos trabalhadores angolanos inquiridos respondeu ter interesse em fazer mudanças na sua vida profissional e na vida pessoal, um nível de insatisfação muito superior à média global de 80%, o que significa que a Covid-19 teve maior impacto na vida dos trabalhadores angolanos do que no resto do globo.

Num universo de 1.920 profissionais de diferentes empresas e sectores de actividade, 82% revelaram que os dois anos de pandemia estagnaram a evolução da sua vida profissional, nomeadamente, por não terem surgido oportunidades de evolução na carreira, por dificuldades financeiras e dificuldades de trabalhar em equipa.

A pesquisa foi feita entre os meses de Maio e Julho deste ano. Dos que responderam ao inquérito, 66% são homens e 34% são mulheres, com idades entre os 18 aos 46 anos. A maioria dos inquiridos são técnicos, com 1.059, o que representa 57% da amostra, seguem-se os coordenadores (195), directores (90), operacionais (71), auxiliares (35) e administrativos (23), entre outros (370). A banca e telecomunicações foram os sectores com maior participação.

Na comparação entre os resultados globais e os de Angola, constata-se que 80% do global dos inquiridos demonstraram elevado interesse em fazer mudanças na sua vida profissional e vida pessoal no próximo ano face aos 98% em Angola, 43% pretende adquirir novas competências e maior formação face aos 63% em Angola, 34% pretende ser promovido ou auferir de aumento salarial contra os 12% em Angola, e 55% pretende melhorar a sua saúde/actividade física contra os 41% em Angola.

O estudo concluiu que as motivações e expectativas da força de trabalho sofreram fortes alterações após a vivência de confinamento durante o período da Covid-19, sendo que aspectos, como a saúde mental e o bem-estar, a relação com os outros e a necessidade de ser ouvido na construção das soluções no interior das organizações passaram a ser ainda mais relevantes após o período de pandemia.

Trabalhadores querem nova colocação fora da empresa

Quanto às expectativas na vida profissional, os trabalhadores querem “adquirir novas competências e conhecimento, apostar em maior formação, assumir novas responsabilidades dentro da organização, tentar obter aumento salarial ou promoção e procurar uma nova colocação fora da empresa atual”.

Sobre o apoio das empresas durante a pandemia, entre 83% e 88% dos inquiridos no país (consoante a questão específica) referem ter sido apoiados em termos profissionais pela sua empresa para poder ultrapassar as dificuldades resultantes da Covid. Contudo, enquanto oportunidade de melhoria, 79% referem que deveria ter sido dada maior atenção aos colaboradores na busca de soluções.

Ainda com base nesta experiência, 86% dos inquiridos refere que as empresas deverão melhorar a orientação da carreira dos seus colaboradores de uma forma mais ajustada aos novos tempos, refere o relatório. “Independentemente da cultura do país, dos hábitos, costumes e das leis do trabalho, entre outros, há factores que são intrínsecos à natureza humana e, por isso, as respostas demonstram o que os colaboradores pretendem após dois anos de pandemia para a sua vida profissional e pessoal. Por outro lado, este período permitiu-lhes desenvolver expectativas para o seu futuro profissional, pessoal, e desenhar cenários para o tipo de vida que pretendem ter no curto e no médio- -prazo”, salienta a Kept People.

Desejo de sucesso profissional desapareceu

Face à vivência deste período atípico, a valorização do que cada profissional considera ser a materialização do sucesso parece ter sido alterada: a resposta mais valorizada, com 32% dos inquiridos a referi-la como a mais importante, foi o alcance do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional; seguem-se o bem estar e a saúde mental (com 22%) e uma maior flexibilidade na prestação do trabalho, incluindo a possibilidade de trabalho remoto (com 17%).

Quanto ao futuro, o relatório revela a intenção de os trabalhadores darem mais importância à sua saúde mental e bem-estar, o que denota uma mudança na forma de estar. As respostas manifestam o desejo de os trabalhadores darem início a uma actividade de lazer (22%), passarem a viajar (17%) ou a investirem mais tempo a socializar (16%).

Fonte: Expansão

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