O chefe do gabinete do primeiro-ministro português tinha na sua sala na residência oficial do chefe do Governo 75.800 euros em numerário. Os envelopes com o dinheiro foram encontrados escondidos em livros e dentro de caixas de vinho pelos agentes da polícia e pelos procuradores do Ministério Público durante as buscas efectuadas na terça-feira, no âmbito de uma investigação conduzida pela Procuradoria-Geral da República portuguesa.
O advogado do chefe do gabinete de António Costa, segundo a imprensa portuguesa, começou por dizer que “todas as explicações sobre os factos serão prestadas ao senhor juiz de instrução”, mas acabou por dizer o dinheiro diz respeito a pagamento de serviços em Angola.
“Esse facto não tem nenhuma relação com o que estamos aqui a tratar e nem tem nada a ver com algo ilegal”.
A quantia “não tem rigorosamente nada que ver com o objecto dos autos”, estando relacionada com a actividade profissional de Escária “anterior às funções que exerceu”, afirmou o advogado, citado pelo canal de televisão CNN.
“Essas explicações serão dadas ao tribunal”, garantiu o advogado, acrescentando que a tese do Ministério Público não está relacionada com a apreensão dos envelopes com dinheiro e que a informação consta dos autos para “causar discussão na praça pública”, dizendo mesmo que foi “um facto metido a martelo”, lê-se no site da CNN.
Portugal está a viver uma crise política desde que uma investigação judicial levou à detenção do chefe de gabinete de António Costa e ainda de dois elementos que lhe são próximos, e ainda o consultor Diogo Lacerda Machado e o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenha.
Foram ainda realizadas dezenas de buscas do Ministério Público, incluindo na residência oficial do primeiro-ministro, São Bento, e nos Ministérios do Ambiente e Infra-estruturas e os ministros respectivos, Duarte Cordeiro e João Galamba, foram constituídos arguidos, lista a que se junta ainda um antigo ministro, João Pedro Matos Fernandes.
Quase em simultâneo, António Costa pediu para ser ouvido pelo Presidente da República, e, logo depois, anunciou ao país a sua demissão.
Foram mobilizados para esta operação, que apanhou de surpresa o país inteiro, quase duas centenas de agentes da Polícia de Segurança Pública, que, acompanhados de magistrados do MP, entraram em dezenas de casas e escritórios em todo o país para recolha de provas no contexto da investigação sobre a mina de Lítio em Montalegre e um mega projecto relacionado com o hidrogénio verde, em Sines, avaliado em 1,5 milhões de euros.
Fonte: NJ