Por cada 100 dólares de dinheiro de residentes em Angola, nacionais e estrangeiros, já investidos no estrangeiro, 17 USD estão concentrados nos paraísos fiscais das ilhas Maurícias e na dependência da coroa do Reino Unido, a Ilha de Man, offshores onde no final do ano passado estavam quase 915 milhões USD investidos.
No entanto, é em Portugal, onde também existe uma offshore, a ilha da Madeira, que está investida a maior parte do dinheiro dos angolanos.
De acordo com o relatório do BNA sobre a Balança de Pagamentos e Posição do Investimento Internacional de Angola relativos a 2023, o stock de investimento de angolanos lá fora cresceu apenas 0,73% face a 2022, passando de 5.253,7 USD para 5.292,3 milhões.
Contas feitas, o stock de investimentos dos residentes fiscais em Angola fora do País cresceu apenas 38,6 milhões USD. O Banco Nacional de Angola (BNA) reviu no relatório de 2022 a posição do investimento internacional no que diz respeito ao investimento directo de angolanos lá fora. Isto porque o relatório que dizia respeito a 2021 referia que o stock de investimentos de angolanos fora do país era de 2.152,6 milhões USD em 2021, de 3.206,4 milhões USD em 2020 e de 3.601,5 milhões USD em 2019. Com a revisão destes números no relatório de 2022, sem fazer menção a essa alteração, o banco central aumentou em 3.065,3 milhões USD o investimento de 2021 (para 5.217,9 milhões), em mais 1.633,7 milhões o de 2020 (para 4.840,1 milhões USD) e em mais 1.237,8 milhões USD o de 2019 (para 4.839,3 milhões).
Com estas alterações em 2022, o BNA passou apenas a divulgar em percentagem o valor que cada País tem de stock de investimento de angolanos fora do País. E, com estas alterações todas, as Maurícias deixaram de ser o principal “porto” dos investimentos dos angolanos lá fora, apesar de manterem ainda hoje mais ou menos o mesmo valor de anos anteriores, perto de 620 milhões USD. Isto porque, com a actualização, o stock de investimento de angolanos em Portugal passou de 476,7 milhões USD em 2021 para 2.235,1 milhões USD, equivalentes a 42,5% do total do stock dos investimentos de residentes cá fora do país, que era de um total de 5.253,7 milhões USD.
A procura por paraísos fiscais não é algo exclusivo dos angolanos. É uma prática que acaba por acontecer um pouco por todo o mundo e, apesar de não ser uma proibida, é muitas vezes utilizada para esconder dinheiro. Até 2020, Singapura era apontada pelo BNA como o principal destino dos investimentos de angolanos lá fora, onde estavam 1.071 milhões USD.
No entanto, esse valor passou a zero em 2021, reflexo da mão pesada da recuperação de activos por parte do Estado, já que, apesar de os relatórios do BNA não o referirem, o “desinvestimento” de mais de mil milhões USD de um ano para o outro “bate” com os mil milhões USD que terão sido arrestados pelo Serviço Nacional de Recuperação de Activos naquele país naquele ano.
Fonte: Expansão