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Petróleo: Agora sim, foi travada a queda-livre em que estavam os mercados petrolíferos

Na quinta-feira, o barril de Brent, a referência principal para as exportações angolanas, chegou aos 72 USD, três dólares abaixo do valor de referência usado na elaboração do OGE 2023, naquela que foi, até esse momento, uma das piores semanas em largos meses, mas esta sexta-feira, 17, o cenário é bastante melhor.

É tanto melhor que o barril já está de novo acima do valor de referência usado pelo Executivo de João Lourenço para a elaboração do Orçamento Geral do Estado para o ano de 2023, afastando, também, o receio de uma revisão do documento se esta queda não fosse travada.

Para já, com o barril a valer 75,32 USD, mais 1% que no fecho de quinta-feira, perto das 09:40, hora de Luanda, o pior parece ter passado, não só nos mercados petrolíferos como nas bolsas, igualmente afectadas pela queda dos três bancos norte-americanos, especialmente o Silicon Valley Bank, e depois a tempestade que se abateu sobre o Credit Suisse, com o Estado helvético, através do seu banco central, a ser obrigado a injectar mais de 50 mil milhões USD para equilibrar a situação.

Entre segunda-feira e o final do dia de quinta-feira, o crude perdeu mais de 10%, sendo esta a pior semana desde Dezembro de 2022, exceptuando esta sexta-feira, onde um céu azul tomou o lugar das trevas que pendiam sobre a economia mundial, fazendo lembrar a crise de 2008, despoletada pelo colapso do Lehman Brothers, nos EUA.

A ajudar este reequilíbrio dos mercados está ainda o conhecimento de que russos e sauditas, os dois maiores produtores e exportadores da OPEP+, reuniram os seus responsáveis pelo sector para analisar os mercados, sendo que são conhecidas as posições destes dois gigantes da energia, que é uma disponibilidade permanente para agir em caso de flutuações drásticas nos preços, com cortes ou aumentos da produção, dependendo do cenário.

Os analistas entendem ainda que o facto de o Banco Central Europeu ter ignorado a situação na banca e mantido a sua linha de actuação face à inflação, com mais um aumento de 0.50% nas taxas de juro, que já estão nos 3,50%, dando como sinal aos mercados que a situação está controlada e que esta mini-crise não tem pernas para andar.

Este cenário é especialmente importante para Angola porque, apesar da diminuição continuada da produção nacional, ainda depende em grande medida do seu sector energético, considerando que o crude representa mais de 90% das suas exportações, perto de 30% do PIB (tem vindo a descer nos últimos anos o peso do sector) e mais de 50% das receitas fiscais do Estado, sendo certo que o sector do gás natural já é uma importante fonte de receitas, superando mesmo o diamantífero.

Aliás, o Governo de João Lourenço, que elaborou o seu OGE para 2023 com um preço de referência para o barril nos 75 USD, tem ainda como motivo de preocupação a divulgação em Novembro de 2022 de um relatório da consultora Fitch Solutions, onde se antecipa uma redução da produção de petróleo na ordem dos 20% na próxima década, com origem no desinvestimento em toda a extensão do sector, deste a pesquisa à manutenção, quando se sabe que o offshore nacional, com os campos a funcionar, está em declínio há vários anos devido ao seu envelhecimento, ou seja, devido à sua perda de crude para extrair.

Fonte: NJ

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