O golo madrugador e tragicômico, com o guarda-redes e o árbitro assistente a escorregarem em simultâneo, que fez muito mal ao jogo. Era suposto que o cabeceamento quase sem esforço de Tiago Azulão fosse espicaçar o Petro de Luanda para juntar o útil ao agradável, ou seja, o resultado à exibição.
O campeão nacional fez contas apressadas e desafiou ontem a União Desportiva do Songo a tentar o impossível para reverter o curso da eliminatória, mas o Petro acabou por superiorizar-se ao adversário, ao vencer por 3-1, garantindo quase sem esforço o tão esperado apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões.
A atitude tricolor de querer poupar o adversário para prolongar o jogo, trouxe as consequências que eram previsíveis, pois o relaxe de quem estava com a mão na massa também fez crescer os hidroeléctricos. Foram mais os lances fortuitos que serviram de elemento de prova da presença em campo da equipa moçambicana, mas assustaram e causaram apreensão ao adversário. Houve um lance em que Hugo Marques ficou mal na fotografia, com a bola embater na trave.
Mais do que deixar o tempo correr sem se preocupar muito em ter o controlo do jogo, o Petro de Luanda caiu na tentação da sobranceria, houve largos períodos da contenda nos quais os atletas tricolores tiraram o pé do jogo, para começar a fazer figura de corpo presente, tanto é assim que deu a sensação de que os hidroeléctricos tinham mais unidades em campo.
A diferença de motivação fez com que o Songo tivesse mais bola do que deveria ter e, mais grave do que isso, jogasse mais vezes no meio campo tricolor, embora sem bom critério, mas chegou para assustar várias vezes.
Quem pensou que era tudo uma mera questão de aguardar pelo intervalo para ver coisas boas, até certo ponto, deu-se por feliz porque a atitude de espera acabou por ser muito bem recompensada.
A bem da verdade, não houve um acentuado crescimento futebolístico do Petro de Luanda, mas aconteceu a fuga no marcador, após os golos de Eddie Afonso e Guedes (78′ e 90+2).
Antes do marcador sofrer alterações, aconteceram outras coisas interessantes que trouxeram boas e más coisas para o campeão angolano. Se por um lado a expulsão de Agenor deu superioridade numérica aos tricolores, por outro lado, o golaço de Banda aos 85’ poderia muito bem ser evitável, mas como o Petro queria antecipar o natal, ninguém fez pressão e evitar que o camisa 10 tivesse tempo para descontar, quando já ninguém mais interesse em olhar o jogo que perdeu todo o interesse quando o Petro tirou o primeiro zero do marcador.
A fraca qualidade dos hidroeléctricos também afectou muito a atitude competitiva tricolor, com outro tipo de adversário talvez o Petro fizesse muito mais do que deixar o tempo correr, mas como o essencial era confirmar o apuramento, esperado, até pode parecer exagero cobrar mais e mais do bicampeão nacional.
Fonte: JA