Miguel Prata confirma as denúncias e acusa Eduardo Fairen Soria, o administrador Executivo e presidente da Comissão Executiva (PCE) da TAAG, de ser o mentor da desorganização que se vive na companhia.
O Sindicato dos Pilotos de Angola acusa a direcção da companhia aérea nacional TAAG de pretender forçar a empresa à falência técnica e confirma as denúncias sobre a existência de vários aviões da frota imobilizados no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, de Luanda ,“por falta de manutenção”.
Informações que circulam nas redes sociais dão conta que muitos aviões estão inoperantes por avaria do sistema de refrigeração e outros voam sem o serviço de entretenimento funcional. Uma das aeronaves da frota recentemente adquiridas pelo Governo estaria imobilizada no Aeroporto de Adis Abeba, Etiópia, por avaria, “não havendo qualquer sinal das autoridades tendentes à sua reparação”.
Na passada semana, um voo com destino a Cape Town, África do Sul, foi cancelado sob alegação de indisponibilidade de aviões motivada por suposta “manutenção correctiva”, a vários aparelhos. Em conversa com a VOA, o presidente do Sindicato dos Pilotos de Angola, Miguel Prata, confirma as denúncias e acusa Eduardo Fairen Soria, o administrador Executivo e presidente da Comissão Executiva (PCE) da TAAG, de ser o mentor da desorganização que se vive na companhia.
“Ele não quer arranjar os aviões da TAAG porque ele aí não rouba”, acusa o comandante Prata. De acordo com o sindicalista, a prorrogação do contrato de aluguer de aviões à companhia Hi Fly permite ao gestor espanhol obter lucros em benefício próprio. “Este senhor é um mentiroso compulsivo. Ele disse-nos, no ano passado, que até Março de 2023 iríamos ter sete aviões novos e o contrato com a Hi Fly acaba.
Mas ele já nos comunicou que o contrato foi prorrogado até Setembro deste ano. O problema é que ele quer roubar”, acrescenta Prata. A VOA tentou, sem sucesso, ouvir a versão da TAAG. Entretanto, trabalhadores afectos ao Sindicato Provincial do Pessoal Navegante de Cabine (SINPROPNC) realizaram no sábado, 25, uma marcha pacífica de protesto, do aeroporto até à sede da da TAAG contra o “não pagamento do subsídio de inverno, de ajudas de custo, incumprimento do acordo colectivo e tomada de decisões arbitrárias”.
O Conselho de Administração da TAAG emitiu, horas depois, um comunicado no qual “ reafirma o seu repúdio ao que descreveu de “comportamento desleal e lesivo por parte do SINPROPNC que se traduz no não-cumprimento dos acordos assinados, deturpação de dados sobre a TAAG junto da opinião pública e imprensa, cuja postura em nada beneficia o esforço colectivo que todos estamos a empreender para a sustentabilidade da companhia.
Apelamos, por isso, ao regresso à boa relação institucional e diálogo”. “Contrariamente ao que se fez passar para a opinião pública, existe sim uma solução em vigor que consiste no cartão visa pré-pago com as ajudas de custo ao pessoal navegante, sendo que a medida foi acordada com os sindicatos, em reunião realizada no dia 12 de Janeiro de 2023”, assegura a empresa.
De recordar que o recurso à companhia Hi Fly Malta, que opera com um Airbus A330-300, matrícula 9H-HFA tinha sido justificado como visando “responder a um próximo incremento de voos internacionais, nomeadamente no longo curso e também pelo facto de estarem a submeter-se a algumas inspeções técnicas e manutenções programadas”.
Citado pela agência EFE, Eduardo Fairen Soria tinha dito, em Junho de 2022, que a ideia do Governo angolano era privatizar o sector da aviação, uma vez que, em Janeiro de 2025, o país será abrangido pelo “acordo de céu aberto”, o Mercado Único Africano de Transporte Aéreo (SAATM).Apesar de indicar que a privatização da companhia pode acontecer antes dessa data, o presidente executivo da TAAG ressaltou que, até ao momento, não existe um processo formal, prazo ou conversações, mas apenas manifestações de interesse por parte de grandes empresas.
Fonte: AN