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O consumo de petróleo vai bater um recorde histórico este ano de 2023, aponta a Agência Internacional de Energia (AIE) no seu último relatório sobre as perspectivas para o sector energético global.

O consumo de petróleo vai bater um recorde histórico este ano de 2023, aponta a Agência Internacional de Energia (AIE) no seu último relatório sobre as perspectivas para o sector energético global, o que permite ao Executivo angolano voltar a ligar o “interuptor” do optimismo.

A procura por crude vai chegar até ao final do ano aos 102 milhões de barris por dia, um valor nunca alcançado desde que há registo, o que corresponde a um esperado aumento de 2,2 mbpd no consumo global.

As previsões da AIE agora apresentadas contêm um aumento de 200 mil barris por dia face à anterior divulgação das perspectivas deste organismo que é, de longe, o que tem disponíveis mais dados para fazer prognósticos rigorosos.

Estes 200 mil barris por dia a mais que o anteriormente previstos são resultado de uma melhoria substantiva na economia chinesa, cuja produção industrial deverá mostrar este ano uma robustez além do esperado pelos analistas dos mercados.

Na verdade, estes números agora mostrados pela AIE, que já são muito optimistas, podem ainda ser ultrapassados pela realidade porque a economia chinesa não parece ter travões na recuperação e esta a exceder as melhores espectativas a cada novo relatório internacional sobre este sujeito.

Consistente com estas previsões surgem os números oficiais da China, como o demonstra este relatório sore os mercados petrolíferos da AIE, onde no mês de Março, a economia chinesa bateu todos os recordes com um consumo superior a 16 milhões de barris por dia.

Apesar das vicissitudes que as grandes economias ocidentais estão a atravessar, especialmente nos EUA e na União Europeia, onde alta inflação e crescentes taxas de juro directoras, acompanhadas do colapso de diversos bancos, estão a conduzir as espectativas de crescimento para um apertado beco quase sem saída.

Beco este ainda mais afunilado pelos efeitos da guerra na Urânia e das sanções ocidentais aplicadas à Rússia que, é já hoje evidente, se estão a virar contra os emissores dos castigos, sem que isso mostre os seus dirigentes estarem preocupados como se vê pela preparação no bloco europeu de mais um pacote de sanções contra Moscovo, o 11º deste o início do conflito em Fevereiro de 2022.

Só que, ao contrário do que tem sido historicamente registado, o momento positivo das economias asiáticas mais relevantes, como a China e Índia, entre outras, ou em África, onde o crescimento deverá ser este ano superior à media planetária, está a contrabalançar os mais sinais emitidos pelas grandes economias ocidentais.

A AIE deixa ainda um recado promissor, que é uma chamada de atenção para o facto de o pessimismo existente ainda por causa dos problemas os EUA e na Europa ocidental será esmagado pelo apetar da oferta até ao final do ano, o que corresponde, como sempre, a um revigoramento económico mundial, que não tem forçosamente de corresponder a dados das economias tradicionalmente mais desenvolvidas.

É com este cenário em pano de fundo que o barril de Brent, que serve de referência para as ramas exportadas por Angola, estava esta tarde de terça-feira, perto das 14:50, hora de Luanda, a valer 75,62 USD no contratos para Julho, ostentando uma subida ligeira de 0,47%, mas muito significativa atendendo ao dia sombrio de segunda-feira.

Contas nacionais

Para Angola, que é um dos produtores e exportadores que mais dependem da matéria-prima em todo o mundo, devido à escassa diversificação económica, este momento dos mercados é, ainda assim, melindroso

Com o barril a valer pouco mais de 75 USD, o Governo angolano está a perder a folga, embora mantenha alguma ainda, no que diz respeito às suas contas porque o OGE 2023 foi elaborado com o barril nos 75 USD.

O país ainda depende em grande medida do seu sector energético, considerando que o crude representa mais de 90% das suas exportações, perto de 30% do PIB (tem vindo a descer nos últimos anos o peso do sector) e mais de 50% das receitas fiscais do Estado, sendo certo que o sector do gás natural já é uma importante fonte de receitas, superando mesmo o diamantífero.

Aliás, o Governo de João Lourenço, que elaborou o seu OGE para 2023 com um preço de referência para o barril nos 75 USD, tem ainda como motivo de preocupação uma continuada redução da produção de petróleo, que se estima que seja na ordem dos 20% na próxima década, estando actualmente pouco acima dos 1,1 milhões de barris por dia (mbpd), muito longe do seu máximo histórico de 1,8 mbpd em 2008.

Por detrás desta quebra, entre outros factores, o desinvestimento em toda a extensão do sector, deste a pesquisa à manutenção, quando se sabe que o offshore nacional, com os campos a funcionar, está em declínio há vários anos devido ao seu envelhecimento, ou seja, devido à sua perda de crude para extrair e as multinacionais não estão a demonstrar o interesse das últimas décadas em apostar no país.

A questão da urgente transição energética, devido às alterações climáticas, com os combustíveis fosseis a serem os maus da fita, é outro factor que está a esfumar a importância do sector petrolífero em Angola.

Fonte: NJ

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