A véspera da quadra festiva no País tem sido sempre marcada pela subida dos preços dos produtos da cesta básica, mas, este ano, o cenário é desastroso, pois várias famílias não sabem mesmo o que colocar à mesa da consoada, devido aos preços dos alimentos que dispararam, em muitos casos para o dobro.
Numa ronda efectuada pela imprensa pelos mercados do Avó Kumbi, da Teixeira, Golf 2 e das Pedrinhas foi possível assistir à aflição de vendedores e consumidores.
Em conversa com algumas comerciantes do mercado da Teixeira, no distrito da Maianga, à imprensa ouviu lamentos como “no ano passado as coisas já não estavam bem, mas este ano só pioraram”.
“Os lucros baixaram muito, numa caixa de peixe anteriormente tirava um lucro de 7/8.000kz, agora, com a redução das vendas, lucramos apenas 3/4.000kz”, contam as vendedoras.
A caixa de coxa de 10kg, que custava entre 7.000 e 8.000 kz, agora está a ser vendida a 14.500, a de 15kg custa 20.000 kz. A caixa de carapau, que custava 27.000kz, agora custa 38.000 kz.
É visível a tristeza de vendedores e consumidores. Madalena Manuel, comerciante do mercado informal do Avó Kumbi, queixa-se da escassez de clientes no local.
“Praticamente já não temos clientes, muitos deles estão a fugir porque as coisas estão caras e os que compram, levam pouca quantidade”.
A subida dos preços afasta os clientes habituais, e isso vê-se nos mercados, que estão muito mais vazios do que noutras épocas.
O pescoço de porco de 10kg, que era vendido nos mercados a 9.000 kz, agora está a 17/ 18.000kz, enquanto a caixa de fígado subiu para os 30.000 kz, quando ainda há menos de um mês custava 15.000kz, e a caixa de asa de frango (asinha) está a custar 18.500 kz quando já foi a 11.000 kz.
Frases como “não sei o que vamos fazer”, “o que vamos comer?”, “nem sei o que dar aos meus filhos”, são as que mais se ouvem dos consumidores que diariamente frequentam os mercados informais da cidade de Luanda.
Para quem não queira ou não possa comprar em grandes quantidades, o panorama não é melhor: uma coxa de frango está a custar 700 kz (antes custava 200kz a 300kz), uma porção de frango de 1kg está a sair entre os 6.000 e os 6.500 (antes era 2.500 kz), e de galinha rija, que vendiam a 1500, estão agora a comercializar a 3.500/4.000kz.
Quatro carapaus, que custava 1000kz, passaram a custar 2.500kz, o peixe lambula saiu de cinco 500kz para três 500kz, e 5kg de fígado estão a sair a 16.000 kz, quando antes custavam 8.000kz.
Já o bidão de óleo vegetal de 25 litros está a ser comercializado no valor dos 32.000 kz (antes custava 14.000), o de cinco litros está a ser vendido a 8.700 kz, anteriormente custava 3.200kz e o bidão de um litro passou para 1.700, quando era vendido a 800 a 900 kz.
O saco arroz de 25kg era comercializado a 7.800/8.500, agora passou para os 20.000, enquanto a caixa de massa alimentar, que era vendida a 3.300 kz, agora está a custar entre os 5.900 e os 6.300 kz, o saco de açucar de 50kg está a ser vendido a 57.400, quando antes custava 16.000 kz, e o saco de fuba de milho saiu dos 8.000kz para os 11.700kz.
O preço dos produtos a retalho também está a ser alterado: um quilograma de feijão, que antes era 500, agora está a 2000kz, um pacote de massa alimentar custava 200 kz, agora está a 350 e um kg de arroz, que era a 300kz, estão a a ser vendido a 1000kz, um quilo de açucar custa agora 2000kz, quando antes era a 700kz, e um quilo de fuba de bombó, que era a 100kz, agora está a 300kz, e o de fuba de milho passou para 350 kz (antes 200kz).
Conceição Pedro, mãe de dois filhos, disse à imprensa que ainda não conseguiu nada para garantir que as suas crianças tenham uma comemoração de Natal digna.
“Ainda não consegui nada, nem alimentação nem mesmo a própria roupa das crianças”
Já Josimar Calemba, disse à imprensa que o Natal de hoje em dia não se compara com o de antigamente, porque os preços naquela altura eram bem mais acessíveis, e, com apenas 20 mil kwanzas, comprava grandes quantidades de produtos alimentares.
“Com 20 mil kwanzas conseguia fazer quase tudo, hoje não chega para nada”, lamenta o consumidor, que vê os produtos mais procurados nesta fase da quadra festiva a disparar nos principais mercados da capital, como é o caso do saco da farinha de trigo, que agora está a custar 26.800kz, quando antes custava 15/17.000kz. Um quilograma está a 350kz, quando antes era 150kz. Um cartão de ovos que era vendido entre os 2.500kz e os 2.300kz, passou para 3.800/4.000kz, o fermento de bolo saiu dos 150kz para os 300kz.
Fonte: NJ