Craque nos relvados, eficaz diante da baliza, Akwá evidencia, hoje, clareza de pensamento quanto ao futebol em África, particularmente, e no Mundo, em geral.
Em breve declarações à Imprensa, por ocasião do “Mundial 2022”, que se inicia dia 20 deste mês, o “capitão” deixou a receita para o sucesso dos africanos, apontou caminhos a seguir para que África equilibre as disputas em Mundiais e não deixou de sublinhar o mérito da qualificação dos Palancas Negras para o “Alemanha2006”.
De quebras, elegeu os três maiores futebolistas africanos na sua opinião.
Eis a breve conversa:
Imprensa – Quais as maiores esperanças africanas neste Mundial?
Akwá – A maior esperança africana neste Mundial será a selecção que cometer menos erros. Podia citar uma ou outra, mas isso seria apenas na teoria, porque, na prática, as coisas são diferentes. Todas as seleções têm as mesmas hipóteses, apenas dependerá de como irão abordar os jogos.
Imprensa – O que falta para África alcançar um patamar superior no Mundial (acima dos quartos-de-final)?
Akwá – Falta maior organização, falta que os jogadores africanos nascidos na Europa comecem a jogar pelas seleccoes do país de origem. Quando isso acontecer, teremos a balança mais equilibrada e poderemos disputar de igual para igual. Infelizmente, muitos países africanos têm sido os maiores fornecedores dos melhores dos seus jogadores a várias seleções europeias. A França é o exemplo do que falo.
Imprensa – De facto, há jogadores africanos campeões do mundo. Como olhar para o futuro do Mundial, tendo em conta que os talentos africanos preferem as condições do país de adopção?
Akwá – Enquanto os países africanos não se organizarem, continuaremos a ver os bons filhos de África, bons jogadores a representarem os países de adopcão. Quando se tem boas condições, a primeira opção é ficar onde as condições são as melhores. Isso não é de hoje, isso já vem de muitos anos. Então, não há muito que falar, a lei da vida é assim. Ficar onde há melhores condições de vida, melhores condições de trabalho e onde valorizam o teu trabalho.
Imprensa – Angola foi ao Mundial por obra do acaso ou faltou consistência para continuar após a participação no “Alemanha2006”?
Akwá – Angola foi ao Mundial fruto do bom trabalho feito nas camadas de formação, que, anos depois, resultou em qualificação para o “Alemanha2006”. No desporto, as coisas não acontecem por obra do acaso. Nesse caso, falando de futebol e da nossa qualificação para o Mundial, foi um trabalho árduo de todos que estiveram envolvidos, que terminou com o grande objectivo. Se olharmos bem para os jogadores que estiveram no “Mundial de 2006”, muitos deles começaram nas selecções Sub’17 com o Prof. Vesko e Prof. Oliveira Gonçalves. Alguns deles foram campeões africanos de Sub’ 20, estiveram no Mundial de Sub’20 na Argentina e foram fundamentais na qualificação para o Mundial 2006. Então, eu não vejo isso como obra do acaso mas sim como resultado de um trabalho árduo.
Imprensa – Quais são os principais ganhos obtidos por África ao sediar a Copa do Mundo pela primeira vez?
Akwá – Apesar de o resultado no plano desportivo não ter sido o que todos nós queríamos, pois esperava que a África do Sul fizesse mais do que fez no grupo em que esteve inserida, quanto a parte extra campo foi bom para os africanos.
Conseguimos vender bem a imagem de África, visto que muitos têm uma impressão errada de África e a organização de eventos desta magnitude serve para vender bem o que temos de bom. A África do Sul ganhou muito, por exemplo, com o turismo.
Imprensa – Quais são os três maiores jogadores africanos da história, na sua opinião?
Akwá – Para mim, os três jogadores africanos da História são: 1º George Weah, o único jogador africano que ganhou a bola de ouro até os dias de hoje; 2º O ganense Abedi Pelé; 3º O camaronês Samuel Eto’o.
Fabrice alcebiade Maieco, vulgo “Akwá, é o maior artilheiro da história da selecção angolana Palancas Negras, com 39 golos, entre os quais o mais importante da história do futebol angolano: o tento da qualificação inédita ao Mundial. Filho de Benguela, nascido em 30 de Maio de 1977, o ‘camisola-10’ foi o capitão de equipa no campeonato do mundo “Alemanha2006”.
Iniciou a carreira no clube Nacional de Benguela, tendo representado diversos clubes pelo mundo, com destaque para o Benfica, de Portugal. Encerrou a carreira no Petro de Luanda, em 2008.
Alinhou pelos Palancas Negras, entre 1995 e 2006, depois de ter feito um percurso brilhante nos escalões de formação.
Fonte: Angop