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Ministro ordena investigação ao director do SIC Luanda

O ministério do interior ordenou a abertura de uma sindicância para apurar a veracidade de denúncias comprometedoras que foram feitas, a semana passada contra o director provincial do Serviço de Investigação Criminal de Luanda. O comissário Fernando Manuel Bambi Receado, foi acusada de estar comprometido com  uma rede de venda de drogas, e de ordenar mortes.

O assunto detonou a semana passada nas redes sociais quando um jovem de nome Gerson Quintas “Man Genas”, recorreu a embaixada da Inglaterra em Luanda, para pedir proteção alegando que estaria a ser ameaçado pelos homens de Fernando Receado que já haviam invadido a sua casa para atentar contra a sua vida.

Antigo praticante de hóquei em patins, Gerson Quintas, 43 anos, é filho de uma antiga administradora do município do Belas e ex-dirigente do Comitê Central do MPLA, Joana Quintas. Num vídeo posto a circular nas redes sociais a sua esposa explica que “Man Genas” terá feito denuncias sobre o funcionamento das redes de venda de drogas em Luanda, o que lhe custou a uma tentativa de assassinato (um tiro no rosto e outro nas costas).

“Man Genas” que se apresenta como antigo amigo de Fernando Manuel Bambi Receado, conta num dos áudios que levou o assunto a este director provincial do SIC, para que fosse investigado. Contou ainda que ao ir ao gabinete de Fernando Receado, deparou-se que o instrutor do seu processo, era o superintendente-chefe António da Silva Barros, o mesmo homem que tentou mata-lo com tiro no rosto e nas costas.

Silva Barros, é conhecido como um dos homens de confiança de Fernando Receado para trabalhos de “baixa visibilidade” (entenda-se queima de arquivo). Ao notar que o homem que tentou mata-lo, é oficial do SIC, o jovem “Man Genas” interpretou que a sua vida estaria em perigo recorreu a embaixada da Inglaterra para pedir asilo, tendo contado tudo que sabe sobre o director do SIC de Luanda.

De acordo com apurações, esta embaixada estrangeira terá, por sua vez, contactado as autoridades angolanas questionando se a polícia de investigação criminal de Angola estaria a matar cidadãos. Um oficial Noé da Rosa, que responde pelo departamento das operações do SIC, é conhecido como “a pistola do comandante Receado”.

Em reação, o jurista Jaime José que acompanha o tema, considera que “a gravidade das denúncias feitas pelo Man Gena e sua esposa são de tamanha gravidade que um pronunciamento se impõe, porque está em causa a relação de confiança entre o Estado e a Sociedade, sobretudo por se tratar de um órgão afecto a estrutura de defesa e segurança, com a particularidade de ser sobre o qual recai em primeira instância o dever de investigar a actividade criminal, acrescida a sua colaboração estreita com o Ministério Público”.

Para o jurista Jaime José, “o tráfico de drogas e outros actos ilícitos da criminalidade organizada (local e transnacional) clamam por intervenção ao mais alto nível da política, para o enfrentamento que a realidade e o potencial criminal impõem”.

“O nível de envolvimento de figuras do SIC (conforme denunciado pelo casal perseguido) representa grave ameaça ao Estado Democrático e de Direito, com sérias implicações e desafios às políticas públicas de prevenção e repressão à criminalidade”, lê-se na exposição do profissional da lei.

Em comunicado distribuído nesta quinta-feira, 5, o Serviço de Investigação Criminal, admitiu que “tomou conhecimento com bastante preocupação de inúmeras informações postas a circular nas redes sociais (grupos de whatsaap), sobre uma suposta “Rede de Drogas em Angola já identificada”, em que estão referenciados efectivos e Altos responsáveis deste órgão”, sem no entanto mencionar o nome de ninguém.


Sobre o assunto, mas sem mencionar o nome de Fernando Receado, o SIC adianta que despoletou de imediato, o competente processo investigativo, para apuramento da veracidade das informações e tomar as medidas que se impõem.

O SIC reafirma que “ está fortemente empenhado no combate ao tráfico de droga em toda extensão do território nacional, e que têm produzido resultados operativos satisfatórios, que culminaram com a apreensão de avultadas quantidades de drogas, principalmente do tipo Cocaína, no Porto e Aeroporto Internacional de Luanda, com proveniência do exterior do país, que tendem a utilizar o nosso país como ponto de trânsito, assim como a detenção de vários Intermediários (mulas), seus mandantes e demais implicados na cadeia de tráfico”.

Segundo dados públicos, o comissário Fernando Receado, que se encontra sob investigação, começou a destacar-se nas fileiras da polícia de investigação criminal, como perito em retirar confissões recorrendo a tortura contra os detidos, o que valeu-lhe a promoção no passado, por parte do antigo ministro do interior Ângelo Tavares.

Em 2012, quando operativos do SIC executaram Alves Kamulingue e Isaías Cassule, o agora comissário Fernando Receado, foi o instrutor que interrogou o activa Alberto Santos, na qual procurou persuadir para que este assumisse que os dois malogrados activistas foram mortos a mando da UNITA, e não das forcas de segurança. No ano de 2017, foi citado numa reportagem do “Maka Angola” , como o policial que torturou o detido João Alfredo Dala, que acabaria por morrer na sequencia dos excessos dos ferimentos. A tortura consistia em arramar um fio no pênis de Alfredo Dala.

Fontes, dizem que em meios privados, o comissário Fernando Receado tem justificado que as graves acusações contra si, são cabalas e grupos que procuram travar uma alegada promoção que o elevaria ao cargo de diretor nacional do SIC para a área operativa, substituindo no cargo Miguel Arcanjo.

Fonte: CK

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