O kwanza quebrou em Julho o ritmo acelerado de depreciação face à moeda norte-americana já que o mercado cambial está praticamente parado e o Banco Nacional de Angola acaba por servir de intermediário entre instituições bancárias e as petrolíferas que se recusam a vender cambiais em leilão aberto a todos os bancos, alegando dificuldades em cumprir compliance. Isto significa praticamente um regresso ao regime cambial fixo o que, para os especialistas, será tem como principal risco uma forte desvalorização da moeda nacional quando, e se, o regime voltar ao flutuante.
Os dados do banco central, apontam que nesta quarta-feira, uma nota de 1 dólar estava a ser negociado a uma taxa média de 825,8 Kz, o que representa uma ligeira depreciação de 0,3% no espaço de três meses, que mostra, de facto, que a moeda nacional está praticamente “estacionada”. Ainda assim, face a 11 de Maio, período em que o kwanza começou o ciclo de depreciação, a moeda nacional depreciou 39% face ao dólar e ao euro. Assim, para travar a depreciação abrupta do kwanza o BNA limitou a sua oferta de liquidez aos bancos e obrigou as petrolíferas e diamantíferas a deixarem de vender moeda estrangeira directamente aos grandes bancos, passando a dispersar as divisas no mercado cambial, norma que entrou em vigor a 01 e Agosto.
A medida serve para assegurar maior transparência nas operações de venda de moeda estrangeira por parte das sociedades do sector petrolífero e diamantífero, que estavam a interagir directamente com os grandes bancos, utilizando a plataforma Bloomberg FXGO simplesmente para fazer o registo.
Acresce que o Tesouro Nacional, que no ano passado andou a valorizar artificialmente a moeda nacional ao vender grandes somas de cambiais, tem estado ausente desde Fevereiro. Segundo, apurou à imprensa, nesta fase em que há dificuldades de acesso às divisas, o BNA está a fazer uma espécie de rateio, que consiste numa divisão proporcional da oferta para que todos os bancos interessados recebam uma parte da oferta disponível.
Câmbio está fixo e não atingiu equilíbrio Para o economista Wilson Chimoco a taxa de câmbio está fixa, e não atingiu o seu equilíbrio, e para o actual desempenho das contas externas, acredita que a taxa de câmbio está muito subvalorizada. “Isto está assim porque o BNA não tem conseguido gerir as expectativas do mercado desde a depreciação induzida pelo Tesouro Nacional”, acrescenta. Mateus Maquiadi, entende que o mercado só cambial não vai atingir o equilíbrio enquanto a oferta continuar a apresentar escassez, diante uma procura bastante robusta.
Entretanto, não espera que a moeda nacional volte a apresentar uma nova onda de depreciação nos próximos meses, isto “porque o kwanza já está bastante frágil e o BNA não quer que afunde ainda mais. “Honestamente penso que o kwanza vai continuar aos mesmos níveis por mais algum tempo, mas com tendência subir ligeiramente porque não podemos negar que as perspectivas para os próximos meses em termos de produção e preço de barril de petróleo são mais favoráveis”, sustentou.
Entretanto, a consultora BMI da agência de rating Fitch Solutions espera uma queda do kwanza nos próximos meses. A consultora norte-americana considera que a moeda nacional vai continuar a depreciar-se, chegando ao final do ano a valer cerca de mil kwanzas por dólar. “A forte exposição de Angola à volatilidade externa que afecta o sector petrolífero apresenta um risco de depreciar o Kwanza ainda mais do que as previsões”, alerta a BMI.
Fonte: Expansão/AN