A confirmar-se a notícia que está nesta manhã de Sábado, 28 de Setembro, em todas as manchetes dos media internacionais, a eliminação pela Força Aérea israelita de Hassan Nasrallah, o líder histórico do grupo xiita e o mais importante aliado do Irão, todo o mapa da violência no Médio Oriente está à beira de sofrer um agravamento catastrófico.
A notícia foi avançada pelo Governo israelita logo pela manhã com enorme euforia mas o movimento xiita que tem o seu baluarte no sul do Líbano não confirmara ainda, algumas horas depois, a morte do seu líder histórico, assim como não se conhecia uma reacção do Irão.
Nasrallah, de 64 anos, segundo a Al Jazeera, foi, segundo os israelitas, abatido num ataque aéreo na noite deste sexta-feira para hoje, quando se encontrava num local fortemente protegido no subsolo, no Bairro de Dahieh, uma área no sul de Beirute, a capital do Líbano, habitada maioritariamente por xiitas.
Como contexto, é importante lembrar que Narallah é morto agora, depois de nos últimos meses Israel ter abatido vários elementos fundamentais na estrutura do Hezbollah, desde logo o seu comandante militar, general Fuad Shukr, em Julho, o que foi um golpe profundo na capacidade de organização militar do grupo.
E, já neste mês de Setembro, como o Novo Jornal também noticiou, teve lugar o extenso ataque à hierarquia militar do movimento xiita com a explosão dos pagers e dos walkie talkies armadilhados, e que estavam distribuídos pelos comandantes de segunda linha do Hezbollah.
O ataque agora ao quartel do Hezbollah, em Beirute, acontece quando o Heezbollah já estava claramente fragilizado, tendo mesmo Nasrallah admitido que o seu movimento estava a sofrer golpes profundos como nunca acontecera e que “o inimigo é tecnologicamente superior”, o que fica agora claramente demonstrado com este golpe que pode levar anos a ultrapassar, se tal suceder.
Porém, recorde-se, Hassan Nasrallah era líder do Hezbollah desde 1992 (e já em 2006 Israel tinha anuciado erradamente a sua morte), ano em que substitui Abbas al-Musawi, que foi igualmente assassinado pelas Forças de Defesa de Israel, o que também mostra que o grupo, fortemente apoiado pelo Irão, sendo mesmo considerado o seu braço armado mais importante fora da esfera do Estado, tem capacidade interna de regeneração.
Alguns analistas estão a considerar que a morte de Nasrallah mostra que o Hezbollah foi profundamente infiltrado pelas secretas israelitas, com destaque para a Mossad e para a AMAN, a intelligentsia miliar de Telavive, e que o Governo de Benjamin Netanyhau pode aproveitar este momento para lançar uma acção de grande envergadura sobre o sul do Líbano para tentar destruir o grupo até às suas raízes mais profundas.
Isto, porque, segundo The Guardian, o que é avançado igualmente por vários media internacionais, embora sem pormenores, com Hassan Nasrallah fora igualmente abatidos vários membros da estrutura hierárquica superior do movimento que era por ele liderado há mais de três décadas.
Face a esta evolução flamejante da situação no Médio Oriente, onde a emergência de um conflito aberto entre Israel e o Irão está em cima da mesa há longos meses, especialmente desde 07 de Outubro de 2023, quando começou a operação israelita em Gaza, e com maior probabilidade após a morte do líder do Hamas, Ismail Henayieh, em Teerão, igualmente por um golpe extraordinário da intelligentsia israelita.
Até agora, o Irão tem contido o clamor da vingança que o próprio líder iraniano mais graduado, o aiatola Ali Khamenei, havendo indícios de que essa contenção foi pedida pela Rússia, o seu grande aliado para a área da segurança, devido à evolução do conflito que Moscovo trava na Ucrânia…
Mas o Irão vai protelar por mais quanto tempo essa promessa de vingança contra Israel? A pressão popular para uma resposta já está nas ruas, onde milhares de pessoas se manifestam contra Israel após o ataque em Beirute que eliminou Nasrallah e vários membros do topo da hierarquia do Hezbollah.
Essa é a grande questão neste momento, porque, para já, segundo a Al Jazeera, em Israel apenas foram registados alguns roquetes lançados pelo Hezbollah do Líbano, nada distinto do que está a suceder diariamente há largos meses.
Uma tese que está a correr nos media árabes, como a Al Jazeera, é que o Irão, depois da eleição do Presidente Masoud Pezeshkian, um moderado que pretende voltar a normalizar as relações com o ocidente, pode deslaçar as suas ligações ao Hezbollah como uma das formas mais seguras e céleres para reatar o diálogo com os Estados Unidos e a Europa ocidental.
Outra tese é que o Irão está empenhado num processo complexo e perigoso de produzir a bomba nuclear, como muitos países ocidentais suspeitam, e não ira agora iniciar qualquer acção retaliatória contra Israel, colocando em risco o plano de se tornar uma potência nuclear.
Da parte de Israel, a posição oficial é que Nasrallah “era responsável pela morte de muitos israelitas, civis e militares, e liderava actividades terroristas há muito tempo”, prometendo as Forças de Defesa de Israel (IDF) que vão continuar a atacar todas as ameaças à sua segurança.
Fonte: NJ