Mais de 300 habitações, entre obras acabadas e não acabadas, foram destruídas esta segunda-feira, 27, no distrito urbano do Zango, junto ao condomínio da Polícia Nacional, em Viana, pela Administração Municipal. Há uma forte presença de polícias e militares a impedirem a entrada de cidadãos no local, soube à imprensa junto dos moradores, que também relatam agressões e detenções. A Administração Municipal de Viana ainda não se pronunciou sobre o assunto.
“Estamos na rua, as nossas casas estão a ser demolidas por elementos da Administração de Viana que estão aqui acompanhados de um grande aparato da Polícia e das Forças Armadas. Estamos inclusivamente a ser agredidos pelas forças mistas que nos expulsam à força das nassas casas”, descrevem alguns moradores.
Segundo eles, as forças policiais e militares estão a proibir e a deter os residentes que tentem fazer captura de vídeo e imagem das máquinas que estão a demolir as casas.
Um advogado e morador da zona, que também denunciou a situação à imprensa, mas que preferiu não ser identificado, contou que está escondido nas proximidades por temer pela vida, uma vez que faz parte do grupo de defensores legais dos cidadãos cujas casas estão a ser demolidas.
“Estamos a ser maltratados, humilhados, e agredidos pela polícia e militares. Não nos querem ouvir e apenas estão a demolir as casas e as obras”, contou.
À imprensa soube que o espaço onde as casas estão a ser demolidas, na zona do Zango III, B, junto ao Condomínio da Polícia Nacional, está em litígio entre um cidadão camponês, que diz ser o proprietário da área desde 1960, e a empresa “Gamek”, que assegura ter comprado o mesmo terreno à Zona Económica Especial (ZEE).
Segundo os moradores, a empresa Gamek nunca apresentou a documentação que comprove que é a proprietária do terreno, de três hectares, e o caso foi levado a tribunal.
Em tribunal, segundo os moradores, a empresa que supostamente é proprietária do espaço não se pronunciou no prazo dado pelo tribunal, e, surpreendentemente, esta segunda-feira apareceu no terreno com as forças mistas para demolir as residências aí erguidas há anos.
“Há desmaios e muitos choros! Quem não quiser sair da sua casa é espancado e retirado à força. Vários cidadãos estão detidos por tentarem filmar e fazer fotografias das máquinas de demolição”, descrevem os moradores.
Sobre o assunto, à imprensa tentou, sem sucesso, ouvir o administrar municipal de Viana, Demétrio de Sepúlveda, assim como o porta-voz da Polícia Nacional em Luanda Nestor Goubel.
Fonte: NJ