Líderes mundiais começaram a reagir, condenando as invasões da tarde de ontem, domingo, pelos apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro ao Congresso, ao Palácio Presidencial e ao Supremo Tribunal Federal, em Brasília.
António Guterres, Joe Biden, Marcelo Rebelo de Sousa e João Lourenço, são os líderes mundiais que já reagiram aos actos que deixaram rastos de destruição naquele país da América Latina, a que o presidente brasileiro Lula da Silva considerou “barbárie”.
O Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, considerou “escandalosa” a violência de apoiantes do anterior chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, que invadiram as sedes dos poderes legislativo, executivo e judicial do Brasil.
EUA
Na rede social Twitter, o líder norte-americano também condenou “o ataque à democracia e à transferência pacífica do poder no Brasil”.
“As instituições democráticas do Brasil têm o nosso apoio total e a vontade do povo brasileiro não pode ser minada. Desejo continuar a trabalhar” com o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, transmitiu ainda Joe Biden.
Anteriormente, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, e o secretário de Estado, Antony Blinken, tinham expressado o apoio dos EUA às instituições democráticas do Brasil e condenado a violência.
Antes, o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Douglas Koneff, condenou “veementemente” a invasão às sedes dos poderes brasileiro, considerando que se tratou de “ataques à democracia”.
Portugal
O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, foi o primeiro líder mundial a reagia às invasões. Chamado a comentar no telejornal do canal televisivo SIC, o estadista luso disse que “é de repúdio por estes actos inconstitucionais e ilegais a que todos assistimos”, demonstrando, por outro lado “solidariedade total relativamente à legitimidade democrática atribuída pelo povo brasileiro”.
“Estamos perante factos inadmissíveis e intoleráveis em Democracia e Portugal, todo ele – o Governo já o fez, em conjugação com o Presidente da República – testemunha aquilo que é a posição do país, tenho a certeza que será a posição da CPLP e da União Europeia, relativamente a um poder legitimamente investido e que, como tal, deve ser reconhecido”, asseverou ainda.
Nas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, o “mandato” no Brasil – de Lula da Silva – “iniciou-se, com legitimidade democrática, e todos os atos que venham a ter carácter inconstitucional e ilegal são inaceitáveis”. “E é bom que fique claro”.
Instantes depois, a presidência portuguesa emitiu uma mensagem, no seu site oficial, em que o presidente Marcelo Rebelo de Sousa considera os actos, “além de inconstitucionais e ilegais”, como sendo “inadmissíveis e intoleráveis em democracia, reforçando o apoio e a total solidariedade de Portugal para com o poder legitimamente eleito no Brasil”.
Angola
João Lourenço, que participou no passado dia 1 de Janeiro na cerimónia de tomada de posse de Lula da Silva, também reagiu contra o ataque às instituições do Estado brasileiro.
“Na qualidade de Presidente pro tempore da CPLP e na de Presidente da República de Angola expresso a mais vigorosa e firme condenação aos actos anti-democráticos que estão a ser praticados no Brasil, ao longo do dia de hoje, contra instituições que representam e simbolizam a Democracia brasileira”, escreveu.
Segundo o Presidente João Lourenço “estas manifestações lamentáveis e reveladoras de um elevado grau de intolerância não compatível com as regras do jogo democrático”.
“As eleições recentemente realizadas no Brasil foram reconhecidas mundialmente como livres, justas e transparentes, não fazendo assim qualquer sentido as reivindicações actuais”, continuou João Lourenço.
Na mensagem, João Lourenço termina dizendo que “expresso a minha convicção de que o Governo brasileiro, com o qual estamos solidários, exerçam a sua autoridade e reponham sem demora a ordem democrática no país”.
ONU
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou hoje a invasão de apoiantes de Jair Bolsonaro às sedes do poder brasileiro, defendendo que o povo e as instituições democráticas do Brasil “devem ser respeitados”.
“Condeno o ataque de hoje às instituições democráticas do Brasil. A vontade do povo brasileiro e as instituições do país devem ser respeitados”, escreveu Guterres, na rede social Twitter.
O secretário-geral da ONU manifestou confiança de que a vontade do povo vai ser respeitada porque “o Brasil é um grande país democrático”.
Consequências
Face aos acontecimentos, o presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva decretou a intervenção federal até ao dia 31 de janeiro e, cinco horas depois, a situação foi dominada pelas forças de segurança.
Foram detidas mais de 400 pessoas que invadiram as três instituições, diante de agentes da polícia que os acompanhava. Alguns jornalistas, de acordo com relatos, sofreram agressões, quando cobriam os ataques.
Enquanto Lula da Silva condenou os ataques, num discurso classificado como inflamado, considerando os invasores “nazistas, fascistas e vândalos”, o ex-presidente, Jair Bolsonaro, que se encontro em Portugal, demarcou-se da violência e falou em acusações “sem provas”.
Fonte: CK