O Presidente em exercício da União Africana João Lourenço propôs o chefe de Estado do Togo como seu sucessor para mediar o conflito em curso no leste da República Democrática do Congo. Contudo, os chefes de Estado e Governo dos 55 Estados-membros da União Africana terão de dar ainda o seu aval.
O Presidente angolano João Lourenço propôs, este sábado 06 de Abril o homólogo do Togo, Faure Gnassingbé como seu sucessor para mediar o conflito em curso no leste da República Democrática do Congo.
João Lourenço desempenhava até agora o papel de mediador da União Africana, tendo renunciado a esta tarefa a 24 de Março devido a encontros falhados com os seus homólogos e para se concentrar plenamente na presidência rotativa da União Africana.
Segundo um comunicado da UA, o Presidente angolano informou, na reunião, realizada virtualmente, que as abordagens preliminares ao Presidente do Togo, Faure Gnassingbé, “tinham obtido uma resposta positiva”.
Contudo, os chefes de Estado e Governo dos 55 Estados-membros da UA terão de dar ainda o seu aval.
O conflito no leste da RDCongo adensou-se no final de Janeiro quando o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) capturou Goma, capital de Kivu do Norte, e Bukavu, capital de Kivu do Sul, ambas na fronteira com o Ruanda e ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e de fabrico de telemóveis.
A actividade armada do M23, grupo constituído maioritariamente por tutsis (grupo étnico) que sofreram o genocídio do Ruanda em 1994, foi retomada em Kivu do Norte em novembro de 2021 com ataques-relâmpago contra o Exército congolês.
Em Janeiro passado, os confrontos que eclodiram em Goma e nas zonas vizinhas causaram mais de 8.500 mortos, segundo o ministro da Saúde Pública congolês, Samuel Roger Kamba.
Os esforços de mediação desenvolvidos por Angola foram sistematicamente gorados, tendo João Lourenço anunciado renunciar a esta tarefa, para a qual havia sido incumbido pela UA antes de assumir a liderança rotativa da organização, depois de os Presidentes da RDCongo, Felix Tshisekedi, e do Ruanda, Paul Kagame, se terem reunido no Qatar, no mesmo dia em que se deveria ter realizado em Luanda um encontro entre delegações do Governo democrático-congolês e do M23.
Este primeiro contacto direto entre as partes acabou por acontecer esta semana no Qatar.
João Lourenço já havia manifestado vontade de passar o papel de mediador do conflito no leste da RDCongo, quando assumiu a presidência rotativa da UA.
Fonte: LUSA