O Presidente da República e da União Africana, João Lourenço, discursa hoje, em Joanesburgo, África do Sul, na 20.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo do G20, a primeira a ser realizada no continente africano.
Sob o lema “Solidariedade, Igualdade e Sustentabilidade”, a reunião decorre sob presidência rotativa da África do Sul do G20 e vai analisar alguns dos desafios mais urgentes da actual agenda global, com as mudanças climáticas, a reforma da arquitectura financeira internacional, a inovação tecnológica, a segurança alimentar e o financiamento ao desenvolvimento a dominarem os debates.
Em Joanesburgo, onde desembarcou ontem à noite, o Estadista angolano faz-se acompanhar da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço.
No aeroporto, João Lourenço foi recebido pela ministra da Defesa e Veteranos Militares da África do Sul, Angie Motshekga.
Em fim de missão, a presidência sul-africana tem ainda a missão de coordenar a agenda do Grupo das 20 maiores economias em consulta com os restantes membros, procurando assegurar respostas conjuntas para o desenvolvimento da economia mundial.
Na 19ª. Cimeira, realizada em 2024 no Rio de Janeiro, Brasil, os líderes das 20 maiores economias do mundo lançaram a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, reforçaram compromissos sobre transição energética e defenderam a reforma da governação económica internacional.
Na ocasião, o Presidente João Lourenço disse ser “urgente criar condições que favoreçam o desenvolvimento de uma agricultura sustentável a nível planetário para se garantir a segurança alimentar e alcançar-se a meta de fome zero”.
O Chefe de Estado chegou a enfatizar que “a fome é um flagelo que afecta fundamentalmente os países em vias de desenvolvimento”, mas no entanto não se trata de um “mal exclusivo destas geografias, pois observamos este fenómeno também em países desenvolvidos, industrializados e com um grande Produto Interno Bruto”.
A África do Sul assumiu a presidência do G20 a 1 de Dezembro de 2024, durante a XIX Cimeira do Grupo, e encerra o seu mandato este ano, passando o bastão aos Estados Unidos da América.
Ao longo da sua presidência, a África do Sul organizou mais de 130 reuniões do G20, algumas das quais em países como Egipto, Nigéria e Etiópia, promovendo a participação continental em questões cruciais como a transição energética justa, industrialização, segurança alimentar, governança da inteligência artificial, entre outros temas.
A África do Sul augura que o legado da sua presidência do G20 traga uma transformação económica tangível para o continente, assegurando que os seus recursos impulsionem o seu crescimento e desenvolvimento sustentável.
África está no centro do debate económico
O analista político Benjamin Gerard considera a realização desta Cimeira uma oportunidade histórica para o continente africano se reposicionar no centro do debate económico mundial, ao acolher pela primeira vez o maior fórum multilateral de decisões económicas globais.
Em declarações ao Jornal de Angola, o especialista lembrou que o G20 reúne “quem decide, quem produz, quem consome e quem financia a economia global”, representando 85 por cento do PIB mundial, 63 por cento da população e 75 por cento do comércio internacional.
Para Benjamin Gerard, este encontro pode deixar “um legado duradouro” para África, sobretudo nos domínios da cooperação financeira, justiça social e sustentabilidade climática, e contribuir para a aceleração da Agenda 2063 da União Africana.
Fonte: JA

