O custo de produção e logístico do Jet A1, os impostos sobre o combustível, as flutuações cambias e também as do mercado global do petróleo bruto são os factores que fazem variar os preços dos países. No caso particular de Angola, junta-se também o facto de haver apenas dois fornecedores do derivado.
Um litro de Jet A1 para o mês de Abril está a custar 724,5 Kz no aeroporto 4 de Fevereiro, equivalente a 0,870 USD/litro, 38% mais caro do que o preço médio praticado nos principais destinos para onde voa a companhia de bandeira, que cobram 0,535 USD/litro, calculouà imprensa com base nos dados do Instituto Regulador de Derivados de Petróleo (IRDP) e do site Jet A1 Fuel, consultados quarta- -feira, dia 10 de Abril.
Se o preço de venda aos operadores for comparado com os valores praticados em alguns países da região da SADC, como a África do Sul, Namíbia ou Zâmbia, que praticam o mesmo preço de 0,526 USD/litro, o Jet A1 nacional é 40% mais caro.
Estas diferenças têm também estado na base da falta de competitividade do sector de aviação civil em Angola, o que levou à desistência e falência, nos últimos anos, de vários operadores privados que garantiam algumas rotas domésticas. Mas também põe em causa a estratégia de hub para a aviação civil angolana, uma vez que as companhias optam por abastecer no Aeroporto Oliver Tambo em Joanesburgo, por exemplo, em vez de Luanda.
O preço do Jet A1 é apontado como um dos principais custos operacionais no transporte comercial aéreo, com reflexo directo nos preços dos bilhetes de passagem. De acordo com o artigo “Custos operacionais na aviação civil em África: Angola no mapa” publicado no Expansão e assinado pelo ex-PCE da TAAG, Eduardo Fairen Soria, “50% do preço de um bilhete de passagem aérea, dentro da realidade da TAAG, depende do custo do combustível que a companhia adquire”. Em Angola acrescenta-se o facto de haver apenas dois fornecedores deste produto, nomeadamente a Sonangol e a Pumangol, que controlam a totalidade do mercado. Realmente parece um contra-senso que, num País em que o preço da gasolina é o mais baixo da SADC, o preço do Jet A1 esteja 40% acima da média praticada na região. Este é um assunto discutido há vários anos (desde a retirada do subsídio ao preço daquele tipo de combustível), mas como estamos a falar de duas tutelas diferentes, Petróleos e Transportes, ainda não foi possível encontrar uma solução equilibrada e que contribua positivamente para os interesses do País.
Limitador da iniciativa privada
Não é apenas o custo associado ao combustível da aviação que tem estado a afugentar as operadoras privadas de operarem voos domésticos. Esta situação está relacionada também com o facto de em muitos aeroportos domésticos não haver Jet A1, o que significa “o aumento de custos operacionais pelo tankering – transporte de combustível adicional para percorrer a ida e volta sem que seja necessário reabastecer”, disse fonte do Expansão ligada ao sector da aviação civil.
O tankering é uma forma de fugir aos custos elevados de abastecimento de combustível em países como Angola, e resulta na redução de carga a transportar, já que a capacidade fica comprometida com o peso da aeronave devido à elevada quantidade de combustível no tanque. Isto pressiona o preço dos bilhetes para compensar a ausência de capacidade de carga (passageiros e bagagens) disponível, tornando assim menos competitivas as empresas de aviação.
O preço do combustível para a aviação em Angola não é subvencionado, como os outros refinados, sendo actualizado todos os meses pelo IRDP.
Fonte: Expansão