Está a subir de tom a tensão na República Democrática do Congo, o segundo maior país de África que tem rebeldes apoiados pelo governo do pequeno Ruanda a avançarem pelo seu território adentro.
Num dos últimos episódios foi confirmada a morte de 13 soldados sul-africanos, que estavam no território como tropas regionais de manutenção de paz.
Acabaram mortos pelos rebeldes do grupo M23, que o governo do Ruanda apoia, num dos avanços feitos em direção a Goma, cidade com mais de dois milhões de habitantes que está quase na totalidade nas mãos do grupo.
Perante este novo foco de tensão, a África do Sul viu-se obrigada a falar, afirmando que mais ataques dos rebeldes apoiados pelo Ruanda serão vistos como uma “declaração de guerra”.
Controlada grande parte de Goma e de Kivu do Norte, os rebeldes do M23 começam agora a deslocar-se para Kivu do Sul, de acordo com os relatos da imprensa local, que fala na abertura de uma nova linha da frente em direção a Bukavu.
Perante esta nova ameaça, o presidente da África do Sul culpou o M23 e o exército do Ruanda, que descreveu como “milícias”, pelas mortes no contingente sul-africano.
O ministro sul-africano da Defesa foi mais longe: “Se vão disparar, vamos tomar isso como uma declaração de guerra e temos de defender a nossa gente”, garantiu Angie Motshekga, que indicou que os soldados da África do Sul foram atingidos por fogo cruzado disparado do lando ruandês.
Para recuperar os cadáveres, acrescentou o ministro, foi acordado um breve período de tréguas, cuja duração não foi revelada. Olhando mais amplamente, esta ofensiva do grupo M23 já causou a morte a mais de 100 pessoas, levando à fuga de 1,5 milhões de pessoas que estavam em Goma, agora sob controlo dos rebeldes.
De acordo com as Nações Unidas, os rebeldes do grupo M23 são apoiados por mais de quatro mil soldados do Ruanda, país que tem interesse numa zona de influência onde também estão vários metais preciosos, incluindo alguns utilizados para produzir aparelhos como iPhones.
O escalar do conflito está a preocupar toda a região, com a Comunidade Africana, grupo de oito países ao qual pertencem Ruanda e República Democrática do Congo, a pedir que cessem de imediato os combates, pedindo ao governo congolês que negoceie com os rebeldes.
Ausente dessa reunião, o presidente da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, afirmou que “a presença de milhares de soldados ruandeses no nosso território vai levar a uma escalada com consequências sem precedentes”.
Perante a entrada da África do Sul na retórica, o Ruanda parece estar disposto a endurecer a sua posição. “Se a África do Sul quiser contribuir para soluções de paz, isso é desejável e bom, mas a África do Sul não está em posição de ter um papel de pacificador ou mediador. E, se a África do Sul prefere confrontação, o Ruanda vai lidar com o assunto nesse contexto em qualquer dia”, afirmou Paul Kagame.
Em causa estão alguns dos países mais importantes do continente africano. A República Democrática do Congo, por exemplo, é o segundo maior país daquela geografia, tendo um território vasto em recursos naturais. Já o Ruanda, apesar de pequeno, apresenta grandes pretensões económicas. Agora, pelo meio, aparece uma África do Sul, potência regional natural que não tem um histórico fácil com o Ruanda.
Fonte: MSN