O chefe da diplomacia norte-americana disse em Luanda que a relação entre Angola e os Estados Unidos é hoje “mais forte e consequente” do que em qualquer outra altura dos últimos 30 anos de relações diplomáticas.
Blinken terminou esta quinta-feira, 25, o périplo africano com uma visita a Angola, onde se encontrou com o Presidente angolano, João Lourenço, e o homólogo, Téte António, e recebeu um convite para o Presidente norte-americano, Joe Biden, visitar Luanda.
Entre os temas da “conversa produtiva” que manteve com João Lourenço estiveram questões que interessam aos dois países, entre as quais prosperidade, alterações climáticas e segurança alimentar, bem como o projecto do corredor do Lobito (ligação ferroviária que atravessa Angola até à República Democrática do Congo), e que conta com financiamento norte-americano, considerando que tem um potencial transformativo.
Blinken classificou Angola como “um parceiro confiável”, com quem foram também discutidas soluções para a paz no continente e investimentos em áreas como a saúde e as energias renováveis.
Num momento de perguntas e respostas com quatro jornalistas, da imprensa angolana e da imprensa norte-americana, Blinken sublinhou que os investimentos estão a criar mais oportunidades e empregos e podem tornar Angola num `hub` para transportes e comunicações.
E elogiou igualmente os esforços de João Lourenço para criar melhor ambiente para os negócios, incluindo a luta anticorrupção.
“Tivemos uma boa conversa sobre o que está a ser feito a nível de reformas”, adiantou, referindo que, além das iniciativas para combater a corrupção, foi discutido o tema das eleições locais e alargamento do espaço dado aos `media`, questões levantadas numa carta que lhe foi endereçada pelos líderes da oposição.
Para o ministro angolano das Relações Exteriores, Téte Antonio, esta é “uma fase crucial de implementação dos instrumentos assinados”, dos quais 15 estabelecem mecanismos de cooperação, estando a ser desenvolvidos diálogos sectoriais para impulsionar outras áreas.
O chefe da diplomacia angolana apontou o corredor do Lobito como a bandeira atual da ação conjunta, para o qual se deve ter “a maior ambição possível” pelo efeito multiplicador como empreendimento, bases logísticas que estão a ser criadas, impacto na população e perspectivas de serem ligados no futuro o Oceano Índico e o Oceano Atlântico.
Téte António disse ainda que o papel dos diplomatas é abrir o caminho para que “o resto da sociedade possa seguir”, referindo-se à entrada de mais empresas norte-americanas em Angola.
EUA elogiam “papel essencial” de PR angolano na mediação do conflito entre RDCongo e Ruanda
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, elogiou o “papel essencial” do Presidente angolano na mediação do conflito entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda.
Em conferência de imprensa com o seu homólogo angolano, o chefe da diplomacia norte-americana referiu que João Lourenço merece a “confiança dos outros parceiros” e disse que os Estados Unidos apoiam também esses esforços para que a via diplomática possa avançar.
Por seu lado, o ministro das Relações Exteriores angolano disse que o caminho para a paz “não é uma linha reta” e que Angola continua a empenhar-se numa solução pacífica para o conflito.
“O caminho para a paz não é uma linha recta, pode conhecer variações, mas os esforços continuam e temos beneficiado das acções dos Estados Unidos”, disse Téte António aos jornalistas, no final do encontro com Blinken, que efectua hoje uma visita a Angola, no final de um périplo por quatro países africanos.
Sinal de que Luanda continua a empenhar-se no processo foi a conversa telefónica que o Presidente angolano manteve na quarta-feira com os seus homólogos congolês e ruandês, assinalou o ministro, reforçando que a RDC é um “país estratégico”, não só para Angola, mas também para África e para o mundo.
“Os esforços de Angola para alcançar a paz no continente africano são também em prol da comunidade internacional”, frisou.
Na conferência de imprensa, o chefe da diplomacia norte-americana afirmou também que os EUA apoiam reformas no conselho de segurança das Nações Unidas “para que reflictam as realidades actuais” e não apenas aquelas que existiam quando esta instituição foi criada, indo ao encontro das pretensões de Angola e outros países que exigem mais representatividade.
Téte António, questionado sobre a actual relação de Angola com a Rússia e a avaliação que faz deste país como parceiro desde o início da guerra na Ucrânia, sublinhou as premissas da diplomacia, assentes no respeito mútuo, respeito pela soberania e não ingerência em assuntos internos.
“Angola é um país aberto ao mundo (…) todas as parcerias que possam adequar-se às nossas necessidades e políticas de desenvolvimento são bem-vindas”, realçou o responsável das Relações Exteriores, desvalorizando as diferenças de ponto de vista.
Fonte: NJ