O stock de Investimento Directo Estrangeiro (IDE) em Angola afundou 40% desde o início da pandemia da Covid no País, em 2020, passando de 21.595,1 milhões USD para 12.908,3 no III trimestre de 2023.
Contas feitas, os estrangeiros desinvestiram 8.686,7 milhões no País em três anos, de acordo com cálculos do Expansão com base nas estatísticas externas do Banco Nacional de Angola (BNA).
O investimento dos estrangeiros em Angola é feito por duas vias: o Investimento Directo, que pressupõe investimento em empresas, e o Investimento em Carteira, que é a aplicação feita por não residentes em valores mobiliários, por exemplo obrigações do tesouro, e também pode ser investimento em empresas desde que seja com a aquisição de menos de 10% do capital social dessa empresa.
Mas as estatísticas do banco central “arrumam” o Investimento Directo em dois tipos de investimentos: “Fundos de acções de capital e de investimento” e em “Instrumentos de dívida”, com este último a, aparentemente, entrar no campo do que é o Investimento em Carteira. Mas ao que apurou à imprensa, uma boa parte, ou a totalidade destes “Instrumentos de dívida” tratam-se de empréstimos feitos pelas “casas-mãe a algumas petrolíferas que, por esta via, fazem investimento sobre a forma de dívida nas suas subsidiárias que estão em Angola”. “Portanto como é divida entre filiais é contabilizada junto do Investimento Directo.
O que tem estado a sair é muito o pagamento desse tipo de dívidas, e portanto é tudo das petrolíferas”, revelou à imprensa o economista-chefe de um dos maiores bancos nacionais.
De acordo com as estatísticas relativas à Posição do Investimento Internacional, apresentação padrão, o stock de IDE em Angola até ao III trimestre de 2023 era composto por 12.542,5 milhões USD em investimentos feitos em “Fundos de acções de capital e de investimento”, equivalente a 97% do IDE, e de 365,8 milhões USD em “Instrumentos de dívida”. E se desde 2020 os investimentos em Fundos de acções de capital e de investimento (ou seja quando um não residente em Angola investe em mais de 10% do capital social de uma empresa com o objectivo de a controlar ou influenciar a sua gestão) caíram de 13.152,5 milhões USD para os actuais 12.542,5 milhões.
O afundanço maior no IDE em Angola deve- -se à queda nos investimentos feitos em instrumentos da dívida, os tais empréstimos das casas-mãe às filiais, que encolheram 96% desde a pandemia, ao passar de 8.442,5 milhões USD para os actuais 365,8 milhões. Essa queda acontece mais concretamente em 2022, ao passar de 7.508,4 milhões para apenas 909,8 milhões USD.
Investimento anual a cair
O desinvestimento dos estrangeiros em Angola não é de agora. Longe vão os tempos em que o stock de investimento estrangeiro (diferença entre as comO desinvestimento dos estrangeiros em Angola não é de agora. Longe vão os tempos em que o stock de investimento estrangeiro (diferença entre as compras menos as vendas realizadas até esse ano) no País era superior a 40 mil milhões USD, como acontecia em 2012. E a culpa volta a ser do suspeito do costume, o sector do petróleo, já que ano após ano o investimento estrangeiro neste sector tem vindo a cair.
De 2014 para cá, há uma forte desaceleração do fluxo de investimento directo estrangeiro anual em Angola, passando de mais de 16 mil milhões USD/ano para os 6,8 mil milhões em 2022 e os pouco mais de 6 mil milhões USD registados até ao III trimestre de 2023, o que contribuiu para o declínio da produção petrolífera do País, já que a queda natural de produção que resulta do envelhecimento dos poços não está a ser compensada pela entrada em produção de novos investimentos.
Quanto ao investimento anual de estrangeiros em Angola fora do sector petrolífero é quase residual e só por três vezes foi superior a 300 milhões USD nos últimos 10 anos.
Os números do BNA revelam que o investimento nos sectores como os diamantes, comércio, serviços e construção civil, estão muito abaixo das necessidades do País para diversificar a sua economia
Fonte: Expansão/ AN