Depois de três anos, Bastos está de volta à selecção nacional. Esse era um desejo do jogador do Botafogo, mas que não dependia só de si para se concretizar. Desde 2021, o jogador não era convocado por ter se desentendido com a Federação Angolana de Futebol. Bastos teria pedido um tempo da selecção após questionar, internamente, a falta de organização da FAF.
O pedido do jogador não tera caido bem aos dirigentes da FAF, e deixou de ser chamado por um período além do que era imaginado. O central de 33 anos foi capitão da Angola e, mesmo sem defender o país nesses três anos, é considerado um dos maiores símbolos do futebol do país nos últimos anos. O assunto nunca foi debatido abertamente pelas partes envolvidas.
O ge procurou dois especialistas de futebol de Angola para ajudar a explicar o ocorrido: o comentarista desportivo angolano, Romilson Teixeira, e o jornalista brasileiro Luis Fernando Filho.
– Foi um acumular de várias situações, desde a Copa Africana das Nações, em 2019, quando havia uma crise financeira no seio da selecção nacional, com atraso no pagamento de prêmios e diárias, tendo havido várias ameaças de “greve” por parte dos jogadores. Naturalmente, na condição de sub-capitão, e um dos líderes do vestiário, Bastos teve uma forte intervenção na situação – disse Romilson.
O angolano conta que outros jogadores também tiveram choques com a direção na época, mas Bastos permaneceu até 2021, período em que teve atritos mais tenso.
Angola, antes dessa CAN, vinha de uma crise dentro e fora de campo também. E o Bastos, em 2021, foi um dos “alvos”, digamos assim, dos maus resultados. O novo ambiente actual o ajudou a voltar – confirma Luis.
Questionado há um ano sobre a ausência do defensor, o treinador Pedro Gonçalves disse que não comentaria porque não era uma questão técnica, o que deu mais força para a versão de problemas extracampo.
– Não só ele, mas outros atletas já fizeram isso antes também. Só que no caso do Bastos, ele é um dos medalhões dessa geração, joga há muito tempo por Angola, e isso pesou bastante. Agora, pós-Copa Africana, com os resultados melhores, o Bastos se entendeu melhor com o Pedro Gonçalves também – conta o brasileiro.
Foram 10 anos defendendo os Palancas Negras, e o último jogo havia sido no dia foi em 7 de setembro de 2021, na derrota para a Líbia por 1 a 0, nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2022. Na época, Angola ficou na lanterna no grupo F, com apenas cinco pontos em seis jogos, atrás de Egito, Gabão e Líbia. Bastos fez 54 jogos pelo país e não tem nenhuma foto jogando pela seleção em seu perfil oficial no Instagram.
Em 2024, a Angola parou nas quartas de final da Copa Africana das Nações, que equivale à Copa América, caindo para a Nigéria. Mas o resultado foi visto como um avanço e o ambiente melhorou, dando margem para a relação ser reatada.
– É um regresso merecido e legítimo, vai aumentar a conexão do público com a seleção nacional, é a volta de um ídolo e referência, porque independente das situações disciplinares, nada justifica tanto tempo de ausência de um jogador com tanta qualidade e influência. Bastos chega em um momento de crescimento porque a Angola chegou às quartas da última Copa Africana e venceu recentemente a Taça COSAFA – finalizou.
Fonte: GE