A Empresa Interbancária de Serviços (EMIS) procedeu ao lançamento do projecto “Cidadão Digital”, que visa promover a utilização segura dos canais digitais e a segurança financeira digital, dando a conhecer as suas melhores práticas de utilização e as formas de evitar as ameaças financeiras com que os utentes se confrontam nestas plataformas.
O “Cidadão Digital” quer introduzir novos hábitos, evitar comportamentos de risco e mudar mentalidades para que, assim como os utentes, as empresas estejam um passo à frente dos burladores. O processo começa em Luanda e vai crescer nas demais províncias. Já estão a ser realizadas apresentações em escolas, universidades e empresas, públicas e privadas, por forma a criar esta consciência de segurança digital, um investimento estimado pela EMIS em cerca de 150 milhões Kz.
“Acreditamos que vamos ter o retorno deste investimento, porque estamos a trabalhar na recuperação da confiança dos clientes”, disse o PCE da EMIS, José Matos. Até Abril de 2023, o “Cidadão Digital” quer alcançar 100 mil pessoas e até final do ano chegar às 200 mil. Conforme explicou José Matos, este projecto surge da necessidade de reforçar a literacia financeira, porque infelizmente as fraudes acontecem com o “apoio” da própria vítima, por falta de informação. E uma vez que o mundo cibernético é relativamente novo, há a necessidade de se criarem leis específicas para regularizar a área.
“O mundo cibernético ainda é uma selva”, lamenta. Até Novembro de 2022, a EMIS registou um aumento de 2.294 em 2021, para 4.587 crimes informáticos. Segundo o administrador executivo Pedro Caniço, há a relevância dos roubos e furtos pela desatenção que as pessoas têm em deixar os cartões com os “pin”s” sem a segurança necessária. “Muitas vezes estes cartões e pin são furtados por pessoas próximas”, confirma. Já as burlas que acontecem a partir do aplicativo Multicaixa Express registaram uma redução este ano, estão registadas 170, sendo que em 2021 eram 594. “Isto decorre dos esforços que a empresa realizou, como a introdução do chip nos cartões, códigos de segurança e validação a partir de um número seguro”, explica Pedro Caniço.
O director nacional de combate aos crimes informáticos do SIC, Edgar Cuico, disse que os crimes de ordem digital no País já impõem alguma preocupação, pois os números são muito elevados, e a população vai ganhando consciência de denúncia. “De Janeiro a Dezembro devemos ter mais de 2 mil casos em investigação, de Cabinda ao Cunene”, disse, ao referir que Cabinda tem maior incidência de crimes de burla, sobretudo. Edgar Cuico defende que a lei deve ser mais rigorosa para estes crimes, pois julga que o abrandamento das sanções “encoraja”, de certa forma, a prossecução dos crimes.
Fonte: AN