O Embaixador da China em Angola convocou a imprensa esta sexta-feira, 22, para falar sobre a visita de Estado do Presidente João Lourenço àquele país oriental, na semana finda. Esta é a primeira conferência de Zhang Bin, um diplomata especializado em assuntos africanos e petróleo, novo representante chinês no país, num contexto de disputa acirrada entre Pequim e Washington em Luanda.
Zhang Bin, de 52 anos, assume as funções sete meses após a saída de Gong Tao, Embaixador da China acreditado em Angola de 2019 a 2023. Jurista de formação, é antigo vice-director-geral do departamento africano do Ministério dos Negócios Estrangeiros daquele país oriental e uma das principais figuras diplomáticas da China no continente.
Recebeu as suas cartas credenciais no dia 29 de Fevereiro, numa cerimónia no Palácio Presidencial, na Cidade Alta, tendo sido recebido pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António, no dia seguinte.
Actuou, igualmente, como conselheiro político em Angola, no início de 2010, estando entre os poucos diplomatas chineses que fala português.
“Ele está interessado em questões energéticas e foi nomeado número dois na missão diplomática chinesa em Abuja, na Nigéria, em 2014, no meio da crise do petróleo. Considera-se que ele desempenhou um papel decisivo no crescimento das importações chinesas de petróleo bruto nigeriano. Em Angola, que saiu da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em Dezembro, terá a missão de garantir o investimento chinês no sector petrolífero”, ressalta a análise feita pelo Africa Intelligence.
A publicação ressalta que, entretanto, Zhang Bin assumiu o cargo, portanto, num país muito diferente daquele que conheceu na década de 2010.
“A nomeação de Zhang Bin ocorreu num momento crucial para as relações exteriores chinesas, que estão cada vez mais sob pressão dos Estados Unidos em Angola. Nos últimos meses, o Presidente João Lourenço aproximou-se claramente de Washington e planeia reforçar a cooperação com o seu novo aliado nas áreas das infra-estruturas, particularmente o corredor ferroviário transfronteiriço do Lobito – agricultura e defesa”.
O Africa Intelligence continua mencionando que, “ao contrário do seu antecessor, José Eduardo dos Santos, que esteve no poder de 1979 a 2017, Lourenço procura abrir o país em todas as direcções e novos parceiros competem agora com a China, nomeadamente os Emirados Árabes Unidos em infra-estruturas, o Brasil na agricultura e o Japão. para ajuda ao desenvolvimento. Zhang Bin assumiu o cargo, portanto, num país muito diferente daquele que conheceu na década de 2010”.
Na visita de João Lourenço a China, de 14 a 17 de Março, Zhang Bin, segundo a publicação, terá desempenhado “um papel nos bastidores nos preparativos” para a recepção da delegação presidencial angolana, que contou com a presença de cinco ministros.
Fonte: CK