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Dólares e euros desapareceram das ruas de Luanda e quando há, não existe quem os possa comprar – “Kinguilas” e casas de câmbio andam com lupa à procura de divisas

O preço da nota de 100 dólares, assim como o da de 100 euro, dispararam no mercado informal, estando agora a ser vendidas nas ruas de Luanda a 70 e 74 mil kwanzas, respectivamente. Há duas semanas estas notas eram comercializadas pelas “Kinguilas” a 65 e 69 mil kz. E há cada vez mais dificuldades em encontrá-las, quer nos bancos comerciais, quer no mercado paralelo.

Actualmente, uma nota de um dólar no Banco Nacional de Angola (BNA) está a ser comercializado a 637, 50 Kwanza, enquanto a de um euro está a custar 685,70 Kz. Nos bancos comerciais, há duas semanas a nota de 100 euros valia 61.600 kwanzas, enquanto a de 100 dólares custava 56 mil.

No mercado informal, em algumas zonas de Luanda, segundo uma ronda feita pela imprensa durante o fim-de-semana, a nota de 100 dólares está a ser comprada pelas “kinguilas” entre os 69 e os 70 mil kwanzas e vendida a 72 e 74 mil, dependendo do local. Já a nota de 100 euros está a ser comprada a 74 mil e vendida a 77 mil kwanzas.

Entretanto, segundo à imprensa junto das “kinguilas”, como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas na rua, “há muitas dificuldades nas aquisições das divisas nas últimas semanas.

Alguns vendedores e compradores de dólares e euros na conhecida zona do Mártires de Kifangondo asseguram que quase não há notas de euro no mercado devido às dificuldades existentes na sua aquisição.

“O euro desapareceu outra vez. Está muito difícil de encontrar, apesar do dólar também não estar fácil, mas o euro quase já não aparece e é muito procurada nos últimos dias”, descreveram as mulheres.

Tia São, uma “kinguila” com quem à imprensa conversou no mercado do Asa Branca, contou que nas últimas semanas é muito difícil ter acesso a divisas.

Em algumas casas de câmbio visitadas pela imprensa nos bairros do Cassenda, Kinaxixi, Avenida Brasil e Mutamba, o cenário é de preocupação por parte das gerências.

Na Cabe e na Universal Câmbios, os funcionários asseguraram que estão há três meses com dificuldades em adquirir divisas no banco central.

Na Spot Câmbios, na Mutamba, um funcionário contou que o euro é a principal dificuldade nos últimos dias, pese embora admita também que não está a ser fácil adquirir dólares norte-americanos.

Conforme as casas de câmbios que à imprensa visitou, os funcionários, a tendência de mercado, tanto da moeda europeia como da norte-americana, é de subir e não de baixar.

Até sexta-feira, uma nota de dólar valia 621,1 Kwanzas, enquanto um euro custava 666,0 Kz, no mercado formal, de acordo com taxa de câmbio do BNA, enquanto nos bancos comerciais uma nota de um dólar já custava à volta dos 700 Kz, e o euro andava entre os 750 e os 780 Kz.Esta segunda-feira, 12, a nota de dólar no BNA está a custar 637,50 Kwanza e a de euro 685,70 Kz.

O economista Mateus Maquiadi, em declarações ao Jornal Expansão, disse que a depreciação do Kwanza cria uma pressão sobre o rácio da dívida sobre o Produto Interno Bruto e que essa pressão surge do lado da dívida em moeda estrangeira.

O economista alerta que o crescimento do rácio da dívida é mais um indicador da péssima saúde fiscal da economia angolana, mas assegura que o ideal é manter as atenções focadas no kwanza, que está cada vez mais frágil.

Kwanza vai desvalorizar 16% este ano para 534,1 kwanzas por dólar – Oxford Economics

Segundo a consultora Oxford Economics, o kwanza está em território negativo devido à recente quebra do preço mundial do petróleo.

“Prevemos que o kwanza vá desvalorizar-se para uma média de 534,1 kwanzas por dólar este ano, face aos 460,6 de 2022; esta previsão assume que o preço global do petróleo vá recuperar para 86,8 dólares por barril até ao final deste ano e que a produção interna de petróleo melhore no segundo semestre deste ano depois da queda dos primeiros seis meses, ajudando a estabilizar a moeda local neste semestre”, escrevem os analistas, consultados pelo Oxford Economics.

Segundo o Jornal Expansão o problema surgiu quando subitamente o Ministério das Finanças, através do Tesouro Nacional, se ausentou da plataforma Bloomberg FXGO e não informou o mercado sobre quando serão as próximas vendas, o que acaba por contribuir para um ciclo de depreciação ou especulação da moeda nacional. Ao que o Expansão apurou, as trocas de dólares por kwanzas actualmente estão a ser feitas apenas pelas petrolíferas que têm trocado a moeda norte-americana pelas propostas mais altas, o que está a contribuir para a depreciação do Kwanza.

Sabe-se que em Maio o Tesouro fez apenas uma intervenção, e que não se esperam mais intervenções a curto prazo. Isso deve-se em parte ao facto de no I trimestre Angola necessitar de mais divisas para honrar com o serviço da dívida, que foi muito elevado neste período. Agora, é a queda dos preços do petróleo que está a condicionar a ida a leilão por parte do Tesouro, já que a receita fiscal com a exportação de petróleo tem caído e há um serviço de dívida para pagar, assegura o Expansão.

Fonte: NJ

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