A Rússia suspendeu esta segunda-feira o acordo que permitia a exportação de cereais pelo Mar Negro, a partir do sul da Ucrânia. O Kremlin argumenta que os compromissos assumidos para com a parte russa não estão a ser respeitados, alegando também que não chegavam grãos suficientes aos países pobres, numa alusão a uma investigação jornalística que trouxe a lume que grande parte dos cereais ucranianos que em Julho de 2022 foram alvo de uma campanha de propaganda gigantesca para que Moscovo permitisse a sua saída pelo Mar Negro para alimentar milhões de pessoas com fome em África, acabaram na barriga de porcos espanhóis, permitindo aos produtores daquele pais europeu aumentar muito as suas exportações de carne de suíno.
“O acordo dos cereais está suspenso”, afimou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, na habitual conferência de imprensa por telefone.
“Infelizmente, a parte desses acordos do Mar Negro em relação à Rússia não foi implementada até agora, por isso o seu efeito foi encerrado”, sublinhou.
Citado pela Reuters, Peskov declarou que a decisão de não renovar o acordo não está relacionada com o ataque nocturno na ponte entre a Rússia e a Crimeia, que descreveu como um “acto terrorista”, responsabilizando a Ucrânia.
A Rússia notificou já oficialmente a Turquia, a Ucrânia e as Nações Unidas de que é contra a extensão do acordo de exportação de grãos do Mar Negro, segundo a agência RIA, que cita a porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova.
A Rússia ameaçou sair do pacto porque disse que suas exigências para melhorar as próprias exportações de grãos e fertilizantes não foram atendidas.Moscovo argumentou também que não chegavam grãos suficientes aos países pobres, tese rejeitada pelas Nações Unidas, que argumentaram que o acordo beneficiou estes Estados, ajudando a reduzir os preços dos alimentos em mais de 20 por cento globalmente.
“Assim que a parte russa dos acordos for cumprida, o lado russo retornará à implementação deste acordo, imediatamente”, acrescentou Peskov.
O último navio a navegar ao abrigo deste acordo deixou o sul da Ucrânia no domingo.
Fonte: NJ