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Criação sustentável de gado garante disponibilidade de carne

O presidente da Federação Nacional das Cooperativas Pecuárias de Angola (FENACOOP), Salvador Rodrigues, afirmou, domingo, em Benguela, que os pecuaristas do país já estão a produzir gado com segurança e sustentabilidade, para se ter carne com qualidade desejável, fruto das iniciativas e apoios do Executivo angolano.

Salvador Rodrigues, que reconheceu o facto, em declarações à imprensa, no âmbito da 5ª edição da Feira de Gado, que decorreu até ontem, referiu que os resultados actuais já demonstram que o país está num bom caminho e poderá, num curto espaço de tempo, competir com as importações sem dificuldades.

Segundo o responsável, no âmbito de competir com as importações, tem havido algumas críticas sobre a qualidade da produção no país, tendo afirmado que muito está a ser feito e o caminho é aumentar a produção de carne de qualidade com segurança.

Actualmente, ainda existem algumas dificuldades, essencialmente, no melhoramento genético e logístico (abate, transporte, frio, medicamentos e ração), que ainda é caro, sobretudo, na fase de engorda. Salvador Rodrigues disse que uma das dificuldades actuais é a questão da transportação. Explicou que para se colocar o gado na Feira que decorreu em Benguela, houve dificuldades de viaturas apropriadas.

“Vocês acompanharam todo movimento para se colocar o gado na feira. Há deficiência de carros ou camiões apropriados para o transporte de gado dessa envergadura”, disse, explicando “não podemos carregar o gado sem as míni-

mas condições de sanidade, tratamento do bem-estar animal, de maneira que, a carência logística, de certeza, deve e será debelada com a execução do Plano da Pecuária”.

Interrogado sobre a promessa do Executivo, no âmbito do Plano da Pecuária, Salvador Rodrigues garantiu que já decorre a operacionalização do programa, evidência que faz com que a qualquer momento o mesmo arranque.

Contributo positivo

O presidente da Federação dos Criadores de Gado de Angola, Salvador Rodrigues, destacou o contributo dos empresários associados em cooperativa na produção e introdução da carne no mercado nacional. Para Salvador Rodrigues, a Covid-19 fez com que toda a rede logística mundial paralisa-se e o abastecimento interno vincou.

“Hoje, com toda certeza, acima de 60 por cento da carne que é consumida em Angola é produzida no país”, estimou.

Garantiu que o aumento do efectivo bovino na região Sul tem sido uma constante, devido também à intensidade das chuvas, o que permitiu mais pastos e, com isso, as manadas vão crescer.

População bovina no Sul cresceu 15%

Actualmente, informou, a região Sul do país tem cerca de 4 milhões de bovinos, comparativamente ao ano passado, informou, há um crescimento de cerca de 15 por cento.

Diz ser evidente que alguma quantidade de carne já é produzida com alguma qualidade e outra com pouca. Salientou que o programa que o Governo aprovou, nomeadamente o Plano Pecuário, vai contribuir, substancialmente, na melhoria da qualidade da produção de carne bovina e seus derivados.

Fez saber que, a nível de todas cooperativas, a associação controla mais de 1.500 associados, entre pequenos e médios pecuaristas, tendo destacado que Benguela tem cerca de 200 associados.

Parceria com o Brasil

A Federação Nacional das Cooperativas Pecuárias de Angola (FENACOOP), informou Salvador Rodrigues, está a intensificar a cooperação com o Brasil, no ramo pecuário, no âmbito dos acordos existentes entre os dois países.

“Todos os anos vamos ao Brasil com o objectivo de participar em seminários, formação e trocas de experiências”, esclareceu, acrescentando que recentemente, numa delegação integrada por membros da Associação Agropecuária, Ministério da Agricultura e Florestas, da Economia e do Banco de Desenvolvimento Angola (BDA), foi possível contactar as autoridades de investigação e de fomento do Brasil, no sentido de se trazer aos pecuaristas angolanos “know-how” para o desenvolvimento do sector.

A cooperação, frisou, estende-se, também, com outros países, como é o caso da França.

“Actualmente está em Angola uma delegação francesa conhecida aquando da visita do Presidente Emmanuel Macron, a quem solicitamos a sua vinda para ganhar experiência no sentido de reactivar um projecto de leite”, disse.

Para ele, a “componente do leite consta, também, no Plano da Pecuária e vamos desenvolvê-la. É algo que está na forja. A delegação está cá para negociar connosco como montarmos uma estrutura desse tipo que já tínhamos e se perdeu ao longo do tempo, que é preciso relançar novamente”.

Acrescentou que tal como se está a relançar a pecuária de corte, o mesmo processo vai acontecer com o leite. Esclareceu que existe um plano de logística que vai permitir debelar a falta de mais matadouros, centrais de frio e mais genética para a melhoria animal e mais produção de alimento para o gado.

O Plano da Pecuária, sustentou, contempla, além da parte de infra-estruturas de transformação industrial, brigadas de mecanização para se criar mais pastos, tanto para as fazendas, como para as comunidades pastoris.

Salvador Rodrigues reconheceu que a iniciativa de se realizar feiras de gado, como a que aconteceu em Benguela, por si só já é um sucesso.

Afirmou que, com iniciativas iguais, é possível mostrar as potencialidades que pecuaristas têm estado a fazer e o resultado foi ter gado de qualidade patente na 5ª edição da Feira de gado que terminou este domingo, em Benguela.

Fonte: JA

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