Corrupção e sistema judicial fraco afastam investidores da refinaria do Soyo, gerando incertezas no projeto da Quanten. Governo angolano considera rescindir o contrato devido à falta de avanços significativos.
Economistas ouvidos pela DW afirmam que a dificuldade de captação de investidores não é apenas um problema da empresa Quanten, que tem a responsabilidade de construir a refinaria do Soyo na província do Zaire.
Analistas apontam a corrupção e o débil sistema de justiça como os principais fatores que afugentam o investimento internacional no país. Mas o consórcio americano tem os dias contados no processo da construção do projeto petrolífero, segundo o Governo de Angola.
O Consórcio Quanten, integrado por três empresas norte-americanas e uma angolana, previa aplicar cerca de 3,5 mil milhões de dólares na refinaria do Soyo.
Mas desde que venceu o concurso público internacional para a construção da infraestrutura, ainda não deu sinais de avanços. É uma situação que preocupa o Governo angolano, que admite rescindir o contrato com a empresa.
Sem gravar a entrevista, uma fonte do consórcio disse à DW que a transição energética que o Ocidente promove “a todo gás” afungentou muitas instituições bancarias a financiar projetos como os de Angola. A Covid-19 também retardou o processo de financiamento da refinaria.
Segundo a mesma fonte, a Quanten não “cruzou os braços”. Está à espera de um fundo norte-americano para concluir a fase de fianciamento primário da primeira tranche, “que está dentro do plano de financiamento apresentado ao Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás. A Quanten continua firme que poderá cumprir com a promesa feita para a construção da refinaria do Soyo.”
Além do Soyo, outros projetos estão enfrentar as mesmas dificuldades. Recentemente, o ministro angolano dos Recursos Naturais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, assegurou que a Sonangol está a custear sozinha a construção da refinaria do Lobito, em Benguela.
Os economistas apontam que o problema não é apenas do consórcio americano que não consegue angariar financiamento. A corrupção e o sistema de justiça também afugentam os financiadores.
Fonte: DW