A Gemcorp, África Finance Corporation (AFC) e Afreximbank anunciaram esta quinta-feira a conclusão do pacote financeiro para a construção da Refinaria de Cabinda, com um empréstimo no valor de 335 milhões de dólares. A linha de crédito agora aprovada cobre a primeira fase de construção e vai permitir o processamento de 30 mil barris de petróleo bruto por dia.
A refinaria, que será construída na planície de Malembo, 30 quilómetros a norte da capital de Cabinda, será o primeiro investimento privado desta natureza em Angola e utilizará a mais recente tecnologia norte-americana para o seu desenho, operação e desenvolvimento em 3 fases, com adesão aos Princípios do Equador, referia em comunicado, em Outubro de 2020, a Sonangol, que espera que na 1ª fase do Projecto inclua 30.000 barris por dia da Unidade de Destilação de Crude, com um dessalinizador, um tratamento de querosene e infraestruturas auxiliares, incluindo um sistema de ancoragem de boia convencional, oleodutos e instalação de armazenamento para mais de 1,2 milhões de barris.
A 2ª e a 3ª fases irão tornar a Refinaria de Cabinda numa refinaria de conversão total, com uma capacidade de refinação adicional de 30.000 barris por dia e a instalação de um novo reformador catalítico, hidro-tratador e unidade de craqueamento catalítico, despesas que deverão totalizar 700 milhões de dólares.
“O projecto criará aproximadamente 2.000 empregos directos e indirectos para a comunidade, sustentando e apoiando as economias locais e nacionais”, refere a Sonangol, que acrescenta que “estas oportunidades abrangem as áreas de construção, engenharia, logística, segurança e administração”.
“A construção formal do local começou em Março de 2020, com a limpeza e preparação total do terreno, concluídas em Agosto de 2020. A vedação do local começou em Setembro de 2020 para 313 hectares de terra. Os itens principais de longo prazo foram encomendados no início de Novembro de 2020 e espera-se que a refinaria de Cabinda entre em operação no primeiro trimestre de 2022”, refere a Sonangol.
Este acordo com a Gemcorp Capital foi estabelecido em Dezembro de 2019, depois de a petrolífera nacional ter rescindido um contrato que tinha assinado com a United Shine Ltd., entidade financeira com quem tinha chegado a acordo em Fevereiro de 2019.
Essa rescisão foi sustentada, explica a Sonangol, entre outras razões, por “incumprimento das acções acordadas e de não garantia de forma efectiva, incondicional e concreta” de pontos como a ausência até à data de “financiamento ou garantia para assegurar a implementação da refinaria de Cabinda”.
O documento enviado à imprensa pela Sonangol nessa altura explicava ainda que a United Shine Ltd. também não demonstrou “capacidade de preparação ou de execução das actividades essenciais no período acordado”, que era de 24 meses.
Recordando que este parceiro foi escolhido depois de “um longo processo de selecção” de forma a garantir que este possuía “capacidade técnica e financeira”, a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola sublinha que a United Shine nem sequer apresentou os estudos técnicos suplementares, “comercial e financeiro” que deveriam “suportar a concretização do projecto no prazo estabelecido”.
Visto que a Sonangol está mandatada pelo Governo para coordenar a estratégia para a execução do projecto da Refinaria de Cabinda, no qual detém um interesse de cerca de 10 por cento do capital da sociedade, após a rescisão com a United Shine, encetou negociações com outros potenciais investidores.
E foi nesse processo de procura que encontrou a Gemcorp Capital LLP, com quem viria a assinar um memorando de entendimento para “o financiamento e implementação do projecto”, o que pressupõe a “garantia da realização dentro dos prazos faseados, 30 + 30, com financiamento garantido em respeito aos compromissos com o Estado e com a sociedade”.
No concurso para a construção desta infra-estrutura, em 2017, o “desenho” contempla uma capacidade para 60 mil barris por dia, produção de derivados do petróleo, incluindo gasóleo, gasolina, fuel oil e Jet A1.
Este projecto integra o Plano Nacional de Desenvolvimento e tem como forte impulso a necessidade sentida pelo País em diminuir a importação de derivados de crude, estando integrada numa rede de novas refinarias que inclui ainda a do Soyo e do Lobito, estas duas últimas com capacidade para refinar 200 mil barris por dia, sendo que a do Lobito foi iniciada há anos e suspensa durante a administração de Isabel dos Santos na Sonangol, depois de ali terem sido gastos, segundo várias fontes, entre 6 a 8 mil milhões USD, de um projecto inicialmente concebido para custar cerca de 10 mil milhões.
Fonte: NJ