Do acordo inicial ficaram por entregar 70 mil cabeças de gado para liquidação da dívida, num processo condicionado por vários aspectos que põem em causa a sua continuidade.
O processo de importação do gado do Chade continua parado depois do seu arranque em 2019, que permitiu a chegada ao País de 4.351 animais, dos quais 385 morreram. Nesta altura, pouco ou nada se sabe sobre a sua continuidade. O Ministério da Agricultura e Florestas não esclarece. Os esclarecimentos pedidos pela imprensa não tiveram resposta do ministério tutelado por Francisco de Assis. Ainda assim, conseguimos apurar que, caso o processo retome, o transporte do gado terá de ser revisto. “As condições em que os animais foram transportados não foram as melhores. Caso se continue a importação dos animais isto terá de ser revisto. Mas nesta altura está tudo suspenso e a incerteza deste acordo é grande”, disse fonte do Governo.
O acordo entre Angola e o Chade previa a entrega de 75 mil cabeças de gado em 5 anos, para o pagamento de uma dívida de 100 milhões USD, contraída em 2017, mas apenas chegaram quase cinco mil animais que foram distribuídos a produtores do Planalto de Camabatela, que abrange as províncias do Uíge, Malange e Cuanza Norte.
A opção pelo Planalto de Camabatela para acolher o gado vindo do Chade foi justificada pelas autoridades por a região apresentar melhores condições climatéricas, sanitárias (ausência de doenças que existem no sul), lembrando que no tempo colonial era desta zona que vinha a carne que se consumia em Angola.
Na altura, os empresários comprometeram-se a pagar ao Estado 1.200 USD por cada animal recebido. Mas o gado apresentou problemas de adaptação ao nosso território, com o aparecimento de doenças e a morte de várias unidades, o que na altura levou à suspensão da entrega do segundo lote, como garantiu na ocasião o então representante do Gabinete de Aproveitamento e Desenvolvimento Agro-Pecuário do Planalto de Camabatela, Cláudio Ambriz. Fica por saber se os animais foram de facto pagos ou não pelos empresários.
Apesar destes constrangimentos, no mês passado, o responsável veterinário do gabinete da agricultura na província do Cuanza Norte, João Alfredo, garantiu que o lote de gado entregue aos criadores do município de Ambaca regista um crescimento constante nos sectores familiar e empresarial. Segundo o responsável, nos últimos 3 anos, nasceram 679 crias na região, do gado vindo do Chade.
No Planalto de Camabatela, três criadores do município de Ambaca beneficiaram de 1.500 cabeças de gado, enquanto o sector familiar/tradicional foi contemplado com 366 animais.
Fonte: Expansão