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CASA-CE diz que o País está ″tecnicamente falido″, fruto de uma governação ″danosa″

O presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Manuel Fernandes, disse esta sexta-feira, 04, que o País está “tecnicamente falido”, encontrando-se, num estado de eminente convulsão social, fruto de uma governação “altamente danosa e irresponsável”, assente na arrogância, com um novo modelo de corrupção e no desespero e sofrimento dos cidadãos.

“Este é sem sombra de dúvidas um dos piores momentos da sua história desde a afirmação como Estado soberano independente”, disse o líder da CASA-CE durante uma conferência de imprensa que serviu para comentar a actual situação económica, social e política do País.

De acordo com o político, “a calamitosa crise económica, financeira e social a que os cidadãos estão sujeitos devido à tomada de decisões anti-populares, resultou na perda do poder de compra dos cidadãos, no desaparecimento da classe média baixa, na inflação, no aumento dos preços dos produtos de cesta básica, agudizando a pobreza extrema, a fome e a miséria no seio da população”.

“Para a inversão do quadro caótico presente, a CASA-CE entende ser necessário rever o plano de retirada das subvenção dos combustíveis, tendo em conta o seu impacto na economia e na sociedade constituída maioritariamente por uma população pobre e desempregada”, referiu Manuel Fernandes, que também defende a revisão percentual do Imposto Rendimento do Trabalho (IRT) para 50 por cento.

Disse que a falta de investimento robusto no sector produtivo, nomeadamente a agricultura, na pequena e média indústria, para reduzir as importações, tem sido ofuscada pelos interesses dos governantes.

“O Executivo deve adquirir produtos do campo para os centros comerciais com vista a poupar divisas e garantir a distribuição equitativa da renda nacional”, recomendou.

No que diz respeito à incerteza sobre o futuro do País, referiu que hoje “a incerteza consubstancia-se na falta de oportunidade de emprego, inexistência de qualidade na educação e saúde, na pobreza extrema, na fome e na falta de política reais que impactem positivamente na qualidade de vida dos cidadãos”.

Na opinião do presidente da CASA-CE, “o momento actual que o sector da Justiça atravessa vem confirmar que sempre denunciaram sobre a falta de separação de poderes na República de Angola, onde o poder executivo interfere directamente nos actos do poder judicial”.

“O Presidente da República, ao nomear juízes conselheiros para o Tribunal Supremo com processos no Tribunal de Contas denota falta de seriedade e belisca a boa imagem que os órgãos da administração da justiça devem ter”, apontou, denunciando continuar haver um combate à corrupção selectivo.

“Depois da acutilância contra o clã do Ex-Presidente, José Eduardo dos Santos, notamos um esmorecer do combate à corrupção quer nos discursos, quer nas acções”, disse Manuel Fernandes, afirmando que no que diz respeito aos concursos públicos, o Presidente da República atribui empreitadas de forma directa a determinadas empresas.

Questionado sobre a iniciativa do Grupo Parlamentar da UNITA no que diz respeito à acusação e destituição do Presidente da República, Manuel Fernandes, respondeu que “é constitucional e legitima”.

“Não acho justo como o partido no poder vem encarando esta situação legitima”, referiu o líder da CASA-CE, sublinhando que os que estão na contramão com a iniciativa da UNITA estão desnorteados.

O vice-presidente do colégio presidencial da CASA-CE, Alexandre Sebastião André, também presente na reunião, comentou sobre a presença no Kuando Kubango da Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP), que trabalha para localizar valas comuns e exumar as ossadas dos ex-dirigentes da UNITA mortos na Jamba.

“Isto é apenas para distrair a população sobre a grave crise económica e social que o País está a atravessar neste momento. E agora mais, com a iniciativa do Grupo Parlamentar da UNITA, sobre a acusação e destituição do Presidente da República”, adiantou, questionando porque é que não se preocupam com milhares de angolanos mortos no 27 de Maio, cujos corpos estão nas valas comuns em vários pontos do País?

Refira-se que a Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), terceira força política desde 2012, perdeu os 16 deputados nas Eleições Gerais de 2022, ao conseguir apenas 46 mil 750 votos, o que corresponde a 0,75 por cento. Esta percentagem de 0,75 por cento a coligação não foi ilegalizado pelo Tribunal Constitucional.

Fonte: NJ

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