Mais logo, às 18:00, os nervos vão estar à flor da pele, as emoções ao rubro e quando o árbitro apitar para o arranque do jogo que vai decidir quem passa para os “quartos” e quem fica esquecido pela história, se Angola, se a Namíbia, a frieza dos números das partidas disputadas entre os dois países vizinhos não vão importar para nada… mas há quem prefira manter a mente focada nos factos: pode ser um jogo muito complicado, adverte o analista desportivo João Armando.
É no Estádio da Paz, em Bouake, na Costa do Marfim, que o duelo da África Austral vai fazer estremecer o continente, na abertura dos “oitavos” da 34ª edição do CAN, sendo de bom conselho revisitar o histórico dos jogos entre as duas equipas na mais relevante competição desportiva continental.
Em 1996, na África do Sul, os angolanos bateram os namibianos por duas bolas a zero, e a seguir, em 1998, no Burquina Faso, Angola e Namíbia empataram a três bolas, sendo ainda de realçar, como a imprensa recorda, que, enquanto os Palancas Negras atingiram por duas vezes os quartos-de-final, em 2008 (Gana) e 2010 (Angola), embora nessas alturas não existisse o patamar dos “oitavos” por serem menos equipas, 16, em competição, contra as 34 agora, a Namíbia nunca passou da fase inicial do torneio, excepto agora.
Mas, perante este cenário, o melhor é ouvir os especialistas…
Perante um crescente optimismo nacional para o jogo deste Sábado contra a Namíbia, num raro duelo austral na maior competição do futebol africano, alimentado pelo sucesso da caminhada dos Palancas Negras no CAN da Costa do Marfim, o analista desportivo João Armando adverte que este jogo “vai ser muito difícil”
O director do Expansão e pivot do “Manhã de Desporto”, na rádio LAC, sublinha que o optimismo generalizado esbarra na realidade dos números, que é o facto de “a Namíbia ter um ranking acima de Angola”, em 115º quando os Palancas Negras se posicionam no 117º da lista da FIFA.
E recorda que, já nesta competição, os vizinhos do sul conseguiram uma “vitória sólida” contra a Tunísia e um empate com o Mali, não deixando de sublinhar a “derrota humilhante” com a África do Sul, por quatro bolas a zero que justifica com o facto de ser um jogo entre atletas que militam todos, ou quase todos, em equipas sul-africanas.
“A Namíbia é uma equipa muito física, pressiona e não deixa jogar, faz as transições ofensivas com passes longos e sempre a correr”, nota o jornalista João Armando em declarações ao Novo Jornal e em tom de aviso para as qualidades do futebol praticado no país vizinho que podem “engasgar” o optimismo nacional.
Até porque o futebol namibiano é de um género com o qual a selecção angolana “não se dá bem”, preferindo claramente “equipas que trocam a bola de pé para pé, que armam o jogo de trás para a frente”, lembrando que foi dessa forma que jogaram o Burquina Faso e a Mauritânia, equipas derrotadas pelos Palancas Negras neste CAN.
E em pano de fundo a esta análise para o Novo Jornal, o “Táxi Amarelo” coloca um meio campo nacional “pouco rápido a recuperar”, abrindo possibilidades para que “os namibianos se acerquem muitas vezes da baliza angolana em igualdade ou superioridade numérica”.
É por isso que João Armando vaticina o regresso de Show à titularidade frente à Namíbia, porque “é o melhor recuperador de bolas” da equipa, preconiza ainda que Buatu vai fazer dupla com Gaspar a central, atendendo à sua experiência e maturidade para este tipo de jogos.
Pedro Gonçalves deverá manter a restante estrutura da equipa que utilizou frente ao Burquina Faso, embora João Armando admita que não será “uma grande surpresa” se Lito Luvumbo for chamado para alinhar de início, referindo igualmente que Gilberto tem estado bem “e tem o carinho dos adeptos”.
Recorde-se que os namibianos apuraram-se para esta fase fruto de um empate no derradeiro jogo frente ao Mali a zero bolas.
Os Palancas Negras ocuparam a primeira posição do Grupo D, ao passo que os namibianos ficaram em terceiro lugar do grupo E.
Depois de um empate, na estreia, diante da Argélia, Angola confirmou o seu potencial ao vencer o Burkina Faso, por 2-0, na última jornada da fase de grupos, quando a Mauritânia surpreendeu a Argélia, com um triunfo de 1-0.
No seu grupo, os namibianos venceram a Tunísia, perderam com a África do Sul e empataram com o Mali.
Fonte: NJ